31 maio 2009

31 de Maio de 2009 • Domingo de Pentecostes



Pentecostes

Todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus.” Romanos 8.14.17
A Igreja celebra hoje o dom do Santo Espírito, abundantemente derramado sobre os seguidores de Jesus logo após a Ascensão. Ouvimos então o relato familiar, o quadro dramático reportado por uma das leituras indicadas. Um dos aspectos do trabalho do Espírito é fazer Deus real para nós. Ele é o Pai que deseja certificar-se de que somos seus filhos; não automaticamente como parte da Criação, mas porque fomos trazidos à Sua família por adoção e graça. Por isso, confiantemente rezamos “Abba, Pai”. Ainda mais admirável é que, como filhos de Deus, somos herdeiros, “co-herdeiros com Cristo”. Esta filiação junto ao Filho único, Jesus, significa que seremos identificados com Ele em glória – porque seremos também com Ele identificados no sofrimento, prelúdio inevitável da glória. Para Jesus, o caminho até a Ressurreição e Ascensão se deu através da Cruz. É a confiança, através do Espírito, de que somos seus filhos, não escravos. Assim, olhamos para Jesus como o pioneiro e artífice de nossa fé. Ele, pela alegria de antes da Cruz, desconsiderou dela a vergonha e a dor, e assentou-se à direita do trono de Deus. O Santo Espírito faz Deus real para nós, em nossa relação com o Pai, na oração e na meditação das Escrituras. O Santo Espírito faz Deus real em nós, permitindo que cresça em nós o caráter divino. Ele faz Deus real para outras pessoas através de nós, no testemunho e nos dons que nos alcança. Estes são caminhos que o Pai abre a nós todos graças ao dom do Espírito. Os discípulos viram o Senhor rezando e pediram que fossem ensinados a rezar também.

23 maio 2009

24 de maio de 2009 • Páscoa VII - Quadra da Ascensão do Senhor

Leituras do Domingo
Atos dos Apóstolos 1.15-17, 20-26
I Carta de São João 4.11-16
Evangelho de São João17.11-19

A Quadra da Ascensão

“Concede, nós te rogamos, Deus Onipotente, que assim como cremos que teu unigênito Filho nosso Senhor Jesus Cristo subiu aos céus, também lá subamos em oração e pensamento, e habitemos sempre com aquele que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, pelos séculos dos séculos. Amém.” LOC – Coleta para a Ascensão
A coleta baseia tudo na Fé. Nossas palavras são: “assim como cremos” . Cremos que o Deus-Homem está nos céu dos céus, o primeiro de nossa raça a alcançar este bendito “lugar”. Cremos que intercede por nós; que aí nos prepara um lugar e nos envia seu Santo Espírito para nos fazer seus santos. Com nosso Senhor Ascenso fazendo todas estas coisas admiráveis por nós, como é certa e impensável a nossa salvação! “Olhos não viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais passou pelo coração humano, as coisas que deus tem preparado para aqueles que O amam.” Agindo em nossa fé, no Seu trabalho divino por nós – devemos também aí subir em oração e pensamento. “Elevai os corações” deve ser nosso lema. Mas somente seremos capazes de viver assim se de fato aí estiver também o nosso “tesouro”. Pois, “onde estiver teu tesouro, aí estará também teu coração.” O Senhor Ressuscitado é mesmo nossa riqueza maior? Devemos não só ascender com nosso Senhor mas com Ele continuamente habitar, quer dizer, sem interrupções. Nada mais nos serve a não ser o céu como companhia. O pecado distancia nossos corações da morada de Deus. Não conseguimos, por nós mesmos, retornar com facilidade uma vez que deliberadamente nos afastamos. Daí a necessidade da resistência adulta ao pecado. Ensina o Arcebispo William Temple: “A Ascensão de Cristo é sua liberação de todas as restrições de tempo e espaço. Ela não significa seu afastamento da terra, mas Sua constante Presença em toda parte. Durante seu ministério terreno Ele somente podia estar em um dado local de cada vez. Se estava em Jerusalém não estava em Cafarnaum; se estava em Cafarnaum não estaria em Jerusalém. Mas Ele agora está unido com Deus, presente onde Deus estiver; quer dizer, em toda parte. Porque está no céu, está em toda a terra; porque ascendeu, está aqui agora. Na pessoa do Santo Espírito Ele habita em Sua Igreja, desde o mais profundo das almas dos discípulos, para o testemunho de Sua soberania.”


Para Rezar

“Ó Deus, Rei da glória, que exaltaste o teu único Filho Jesus Cristo com grande triunfo ao teu celeste reino; Suplicamos que não nos deixes desconsolados; mas nos envies teu Santo Espírito, para nos confortar e conduzir ao alto e santo lugar, onde nosso Salvador Cristo já nos precedeu, o qual vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, pelos séculos sem fim. Amém.” LOC, Coleta do domingo depois da Ascensão

16 maio 2009

17 de Abril de 2009 • Páscoa VI

Leituras do Domingo
Atos dos Apóstolos 10.25-26, 34-35, 44, 48.
I Carta de São João 4.7-10.
Evangelho de São João 15.9-17.



A Ascensão do Senhor

A Páscoa não é um só domingo e nem mesmo é ela contida nos 50 dias que levam até a Festa de Pentecostes. A Páscoa é o tempo da vida da Igreja e da vida de todos nós. A Ascensão do Senhor “redesenha” uma transição que qualifica nossa experiência de vida e fé. O hino 91, Tu Christe Nostrum Gaudium canta: “Senhor Jesus, reinando em majestade; o teu amor o amor de Deus nos traz, também nos dá a visão da eternidade... Vem nossas vidas para Ti buscar e nos fazer, contigo, novos seres... Estando em Ti andamos sempre em luz, unidos todos pela mesma crença. Ó Cristo ressurreto, ó Vencedor, com Deus o Pai, e o Espírito Sagrado, a Ti que és imortal, a Ti o louvor por todo o sempre seja tributado.” Celebramos a Páscoa durante 50 dias. Mas este ínterim não é tudo. Todo domingo é uma “pequena” Páscoa e também uma celebração da Ressurreição do Senhor. Para qualquer cristão sério, portanto, a Ressurreição é a experiência de todos os momentos da vida. Sempre necessitamos do Ressuscitado para a liberdade e dignidade de vida, neste mundo que constantemente nos distancia do Pai. Por vezes Deus parece estar oculto. Todos conhecemos momentos ou tempos da “distância” de Deus. É por isso que Ele nos reuniu como Igreja: precisamos dos outros para partilhar não só as alegrias da vida espiritual mas, não menos, aquelas horas dramáticas em que parecemos estar encerrados na Sexta-feira da Paixão. Não podemos imaginar como seria a vida sem a Ressurreição do Senhor! Também não conseguimos pensar como seria a vida sem a comunhão nossa com os irmãos. Precisamos todos de alguém com quem partilhar a Sexta-feira da Paixão e cheguemos, juntos, à Ressurreição. Esta é a novidade de vida que a Páscoa da Ressurreição e a Ascensão do Senhor nos trazem. Na Sua Ascensão aos Céus o Senhor Jesus leva consigo nossa humanidade. O hino 89 canta, “Nossa natureza inteira, no mistério da Ascensão ... Deus e homem, nossa glória contemplamos ao te ver.” O Festival da Ascensão do Senhor tem a força que nos ergue acima das lutas, vacilações e opressões de cada dia. A fé pascal é também dom da Ascensão. É Graça e bênção para uma vida quase sempre difícil. “Aleluia! Nosso mundo ergue o pensamento a Deus! Cristo, luz dos pecadores, vem, e livra-nos do mal: que possamos, redimidos, encontrar a paz final.” Hino 92.

10 maio 2009

10 de Maio de 2009 • Páscoa V

Leituras do Domingo
Atos dos Apóstolos 9.26-31
I Carta de São João 3.18-24
Evangelho de São João 15.1-8.


A Igreja de Deus

Tratamos aqui da Igreja de Deus. É exercício simples de eclesiologia, a teologia da Igreja com “I” maiúsculo. É a Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica, como rezamos nos Credos. Há pequenas lembranças que precisamos retomar. São marcas da Igreja que devemos ter presente quando tentados a buscar em uma outra porta mais fácil, algo melhor que a Igreja mesma. Primeiro, a Igreja é viva. Ela não é uma organização pétrea ou imóvel. A Igreja de Deus é um organismo, um corpo vivo. Desde o início ela tem sido vítima de cismas, como o ocorrido entre São Pedro e São Paulo. Em sua vida a Igreja tem sofrido guerra e paz. Ela tem oprimido e também libertado. Assim, a Igreja precisa mover-se, crescer e se deixar transformar, se é que aceita mesmo permanecer como o Corpo vivo do Cristo Ressuscitado. Ela está viva porque, além de receber do Pai o fôlego da vida, é formada ainda por seres humanos frágeis e trôpegos, gente como nós todos, porções de barro animadas pelo hálito do Criador. Edificados para responder ao amor de Deus, facilmente o abafamos dentro de nós, até que Sua imagem seja quase imperceptível. A Igreja é pois formada por pessoas desta estatura... Mas “Deus, de tal modo amou o mundo que deu Seu Filho unigênito para que todo que nEle crê... tenha a vida eterna.” Ela é constituída crentes. Alguns de nós temos sido santos, desde os mártires, passando pelos grandes mestres e doutores da fé, até nós mesmos! Somos todos pecadores, membros do Corpo de Cristo. A Igreja assim é frágil. Somos seres humanos tentando, com a ajuda de Deus viver vidas santas, no serviço em Seu Nome, buscando alguma pobre imitação da adoração dos santos na Comunhão perfeita junto ao Trono dos Céus. Quando cantamos o hino 306... “Da Igreja o fundamento é Cristo, o Salvador...” cantamos também que nossa fé repousa sobre a rocha firme de Jesus Cristo, crucificado e ressuscitado. Não podemos ignorar a promessa e palavra do Senhor: “Esta é a vontade daquele que me enviou.... que nem mesmo um dos que me foram dados, se perca.” Reafirmemos sempre: a Igreja NÃO é nossa. NÓS pertencemos a Jesus Cristo, o Senhor. Fomos salvos da escravidão de nós mesmos e de nossos pecados. Ele prometeu que nenhum dos Seus se perderá! A saúde da Igreja de Deus está justamente nas mãos perfuradas pelos cravos da Cruz. São as mãos do Palestino Jesus que acalmaram as águas, acariciaram os rostos de crianças, partiram o pão e ergueram o cálice. Estas mesmas mãos ainda oferecem Seu próprio Corpo e Sangue, sustentando-nos acima de qualquer tormenta, agora ou no futuro. E Ele nos ressuscitará no último dia.

03 maio 2009

3 de Maio de 2009 • Páscoa IV

Leituras do Dia
Atos dos Apóstolos 4.8-12.
I Carta de São João 3.1-2.
Evangelho de São João 10.11-18.



Acender uma Vela


Um dos elementos mais comuns em nossa vida de adoração começa com uma consideração prática. Velas produzem luz. Nos nossos dias, nos lares e em igrejas, há muitos recursos ainda mais eficientes e práticos para iluminar um ambiente. Mas a Igreja se antecipou em muito ao uso da energia elétrica. Durante muitos séculos da era cristã, a única forma de se prover luz nos locais de adoração era justamente pela iluminação com velas. Carregadas em procissões nas catedrais, ou durante procissão do Evangelho, as velas simbolicamente aclaram o caminho. As velas no santuário, sobre ou mesmo atrás e acima do Altar alcançam luz e testemunham a abundância da glória de Deus. Ao longo destes mesmos séculos as velas também ecoaram imagens básicas da Escritura Sagrada. As chamas das velas têm sido parte da adoração da Igreja por quase dois milênios e nos recordam, como adoradores, a “Luz de Cristo”. A Lâmpada do Santuário, constantemente acesa acima do Altar, no Tabernáculo, significa a presença de Cristo no Sacramento Reservado. As velas sobre o Altar devem ser somente acesas quando “convidamos” a presença de Cristo na celebração da Eucaristia. Finalmente, a chama nos recorda do trabalho do Santo Espírito em sua descida sobre os discípulos em Pentecostes. Acendemos o fogo de nossas orações como ofertório a Deus sempre que dobramos os joelhos durante a adoração ou meditação quieta. Seja por luz, seja por tempo quieto de contemplação, seja pela simples beleza, as velas são parte da riqueza da liturgia e vida da família da fé. Elas aquecem e iluminam, dando vida, à adoração do Deus que iniciou Sua Criação justamente dizendo, “Faça-se a luz!”