Revda. Claudia Prates[1]
Estudante
do Curso de Aprofundamento de Estudos
(Convênio com o Curso de Integralização ESTEF)
1. Evangelização
nos diversos níveis eclesiais
Na tradição anglicana entendemos
Evangelização como a tarefa indicada por Jesus para todas as pessoas batizadas
e para a Igreja como seu Corpo Místico. A Igreja, do ponto de vista estrutural,
acontece nos níveis global (ecumênico ou de uma tradição, como no meu caso a
Comunhão Anglicana), regional ou Provincial (como o Brasil onde existimos como
19ª Província ou Igreja Episcopal Anglicana do Brasil), no nível local ou
Diocesano (no meu caso a Diocese Meridional) e no nível comunitário ou
Paroquial (no meu caso a Paróquia, onde sou pároca, a Paróquia São Paulo em
Cachoeirinha RS).
A Igreja Anglicana é parte da “Igreja
Católica de Cristo”, portanto, não é possível a plena evangelização sem o
correspondente engajamento ecumênico. Mesmo que nossa vida eclesial em todos os
níveis seja autônoma, vivemos em diálogo com outras igrejas, com a humanidade e
com a realidade como forma de cumprir a missão de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Quando falamos de “comunidade como
mediadora da salvação” entendemos que ela é como diz 1 Cor 12, expressão do
Corpo de Cristo. Portanto, é na comunidade que vivemos a comunhão com Cristo,
entre nós e com a Missão de Deus. Comunidade é ponto de partida para a
evangelização, mas também é lugar de re-evangelização permanente.
As comunidades anglicanas vivem intensamente a
teologia da encarnação. Vemos em nossas irmãs e irmãos (sem distinção) a imagem
de Deus em Cristo, por isso mulheres e homens podem aceder a todos os níveis de
ministérios da Igreja. Este fato não é para nós sinal de superioridade em
relação as outras tradições cristãs, mas de serviço para a Igreja Ecumênica e
para o mundo, como sinal do amor irrestrito e transformador de Deus.
A comunidade escatológica se vive no
sentido da “comunhão dos santos e santas”, no sentido de que a Igreja não
começa conosco, nem termina conosco. Somos portadores de uma esperança mística
maior, por isso nos dirigimos para o horizonte escatológico do Reino que já
acontece entre nós e ainda não está complemente realizado.
2. Ação Evangelizadora
2. Ação Evangelizadora
A ação evangelizadora é a ação do Espírito
Santo em cada pessoa e na comunidade. Para isso contamos com a participação
democrática ou conciliar das pessoas na igreja. Em todos os níveis as
instâncias maiores de decisão são democráticas. Isso significa que as
comunidades não só executam a evangelização, mas a idealizam em um sentido de
revelação mútua e dialogal. Isso traz alguns problemas práticos, como a
distância entre o que se quer e o que se realiza, mas esta aí a tarefa pastoral
e harmonizar as opiniões, buscar compromisso e unidade na ação evangelizadora
(esta realizada tanto por ministros e ministras leigas, quanto ordenadas e,
principalmente, pelo Bispo ou Bispa).
3. Características
bíblicas da ação pastoral evangelizadora
Como exemplo bíblico do que mencionei
acima, entendo melhor me basear no texto de I Coríntios 12,4-5. Neste texto a
Igreja, descrita como um Corpo (v.12), é mostrada com uma diversidade de dons,
com um mesmo Espírito, e diferentes ministérios (maneiras de servir), mas um
único Senhor (v.4). Portanto, não podemos fazer prevalecer um ministério ou um
dom sobre os outros ministérios e dons. Se fizermos isso estamos nos
apropriando indevidamente doa unidade superior dada pelo Espírito e pelo Senhor
(v.5)
Com isso eu quero dizer que, mesmo sendo
presbítera, e, portanto, tendo o ministério de “presidir” a comunidade (cf. I
Tm 5,17; I Ts 5,12), não vale nada este ministério se não for exercido em
comunhão com o Espírito, com o Senhor e, em consequência, com todas as pessoas
que oferecem outros dons e ministérios para a Igreja. Portanto, eu tenho, como
obrigação pastoral, identificar estimular e animar, para que toda a comunidade
seja instrumento de missão e evangelização.
[1]
Presbítera, egressa do SETEK, conclui em 2012 o Curso de Integralização na
Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana (ESTEF). Atualmente é
Pároca na Paróquia São Paulo em Cachoeirinha RS, na Diocese Meridional.