Salmo 85
Carta aos Colossenses 2.6-15 (16-19)
Evangelho de São Lucas 11.1-13
Ser perdoado
Um dos maiores desafios da vida espiritual consiste na acolhida ao perdão de Deus. Há algo em nós, seres humanos, que nos mantém agarrados aos nossos pecados e não permite que Deus apague nosso passado, além de nos oferecer um começo completamente novo. Por vezes, parece até que quero provar para Deus que minha escuridão é profunda demais para ser vencida. Embora Deus queira me restaurar à dignidade plena de filiação, continuo insistindo em permanecer como servo sob contrato. Será mesmo que desejo ser restaurado à responsabilidade plena de filho? Desejo mesmo ser totalmente perdoado de forma que um caminho absolutamente novo se torne possível? Confio mesmo em mim e em uma possibilidade tão radical? Quero mesmo romper com minha rebeldia profundamente enraizada contra Deus... e entregar-me tão absolutamente ao amor de Deus para que uma nova pessoa possa emergir? Receber perdão exige total disponibilidade para permitir que Deus seja Deus e faça Ele mesmo a cura toda, restaurando e renovando. Enquanto eu mesmo desejar ou insistir ser parte da cura, terei só soluções parciais, permanecendo como empregado, por exemplo. Como servo ou empregado remunerado, posso ainda manter minha distância, revoltar-me, rejeitar, embirrar, fugir, ou reclamar do pagamento. Como filho querido, devo pedir por minha dignidade plena, começando a preparar-me para ser, eu próprio, pai.
Um dos maiores desafios da vida espiritual consiste na acolhida ao perdão de Deus. Há algo em nós, seres humanos, que nos mantém agarrados aos nossos pecados e não permite que Deus apague nosso passado, além de nos oferecer um começo completamente novo. Por vezes, parece até que quero provar para Deus que minha escuridão é profunda demais para ser vencida. Embora Deus queira me restaurar à dignidade plena de filiação, continuo insistindo em permanecer como servo sob contrato. Será mesmo que desejo ser restaurado à responsabilidade plena de filho? Desejo mesmo ser totalmente perdoado de forma que um caminho absolutamente novo se torne possível? Confio mesmo em mim e em uma possibilidade tão radical? Quero mesmo romper com minha rebeldia profundamente enraizada contra Deus... e entregar-me tão absolutamente ao amor de Deus para que uma nova pessoa possa emergir? Receber perdão exige total disponibilidade para permitir que Deus seja Deus e faça Ele mesmo a cura toda, restaurando e renovando. Enquanto eu mesmo desejar ou insistir ser parte da cura, terei só soluções parciais, permanecendo como empregado, por exemplo. Como servo ou empregado remunerado, posso ainda manter minha distância, revoltar-me, rejeitar, embirrar, fugir, ou reclamar do pagamento. Como filho querido, devo pedir por minha dignidade plena, começando a preparar-me para ser, eu próprio, pai.
Henri J. M. Nouwen,
The Return of the Prodigal Son,
A Story of Homecoming,
London, 1994
The Return of the Prodigal Son,
A Story of Homecoming,
London, 1994
Crescendo
Se as crianças são aceitas em sua condição mesma, devemos perguntar-nos sobre o que nos previne, como adultos, de sermos adultos. Não somente pais, mas adultos em geral, adultos em sua organização social e suas escolhas políticas, todos devemos discernir o que significa sermos responsáveis pela nutrição e encaminhamento... na direção da sociedade humana, de novos sujeitos ainda em processo de formação. Um livro recente, de um teólogo católico-romano, meditando sobre o quadro de Rembrandt, O retorno do Filho Pródigo, conclui com uma reflexão sobre nossa dificuldade no papel de pais, comparado com a fácil identificação, seja com o filho mais velho, seja com o mais moço: - Não desejo só ser aquele que é perdoado, mas também aquele que perdoa; não só aquele que é bem vindo à casa, mas também aquele que recebe? - (Henri J. M. Nouwen, The Return of the Prodigal Son: A Story of Homecoming, London, 1994)
Uma sociedade que empurra à dependência e aos padrões frustrados de comportamento, não capacitará adultos e se sentirem - em casa - com seus limites e suas escolhas, de forma a tornar possível acolher ou nutrir aos que ainda permanecem dependentes, ou que estão ainda em busca de sua própria liberdade. Como é então, que somos nós encorajados... a compreender a natureza da escolha adulta em nosso próprio ambiente?
Uma sociedade que empurra à dependência e aos padrões frustrados de comportamento, não capacitará adultos e se sentirem - em casa - com seus limites e suas escolhas, de forma a tornar possível acolher ou nutrir aos que ainda permanecem dependentes, ou que estão ainda em busca de sua própria liberdade. Como é então, que somos nós encorajados... a compreender a natureza da escolha adulta em nosso próprio ambiente?
Rowan Williams,
Lost Icons: Reflections on Cultural Bereavement.
Lost Icons: Reflections on Cultural Bereavement.