13 abril 2007

Páscoa II - 15 de Abril de 2007

Atos dos Apóstolos 5.27-32
Salmo 150
Apocalipse 1.4-8
Evangelho de São João 20.19-31
"Bem aventurados aqueles que não viram e creram. Certamente isso se refere a nós. Guardamos em nosso coração alguém a quem não vimos fisicamente. Isso se refere a nós... se de fato acompanhamos nossa fé com o testemunho. As pessoas que crêem de verdade, expressam a fé através de suas vidas."
São Gregório o Grande (540-604)
"Sem a Ressurreição, o movimento cristão teria desaprecido na ignomínia... Nem é demasiado dizer que sem a Ressurreição, o cristianismo desde a era apostólica seria cientificamente inenarrável. É verdade também dizer que sem a Ressurreição o cristianismo não conseguiria ser o que é para si mesmo, já que a distintividade do cristianismo não consiste numa adesão ao mestre que viveu muito tempo atrás - mas na fé em que - Jesus é Senhor - em cada geração, ao longo dos séculos.
A Ressurreição foi algo que aconteceu poucos dias após a morte de Jesus. Os apóstolos ficaram convencidos da vida de Jesus e de que Deus o ressuscitara à vida. Não é historicamente científico dizer que somente os apóstolos chegaram a compreender o sentido divino da Crucifixão, ou que a pessoa de Jesus agora os contagiava. Algo acontecera que os despertava para o sentido da Cruz, contagiando-os com a pessoa do Senhor. A evidência para este estupendo acontecimento, mencionado pelos escritores do Novo Testamento, era a sobrevivência mesma da Igreja, a aparição de Jesus com impacto visível e audível sobre os apóstolos, e a descoberta do túmulo vazio.
Os vários elementos neste cenário triplo, certamente tiveram diferentes graus e peso evidencial, para diferentes pessoas. Isto tem sido assim até os nossos dias. Quanto ao sentido: se fosse o encontro existencial com Jesus o que unicamente contasse, o túmulo vazio teria então uma significação muito pequena ou mesmo nula. Mas se Jesus tem uma significação cósmica, com efeitos cósmicos, então o túmulo vazio faz uma grande diferença, bem próxima à da própria Encarnação.
Arcebispo Michael Ramsey, Through the Year with Michael Ramsey
Ressurreição, Emil Nolde, 1911-1912
Figuras de Deus - Dominque Ponnau - UNESP

Ainda o Evangelho da Páscoa

"Então Pedro e outro discípulo foram ao túmulo." São João 20.3-8

Muito cedo na madrugada do domingo, milhares de pessoas se reúnem no espaço bem em frente da Igreja morávia, duas vezes centenária... Antes que a luz do dia apareça uma banda de instrumentos de sopro começa a tocar hinos. Então, por volta de 6 horas, quando o sol começa a surgir, os sinos do templo tocam e o bispo surge, anunciando em alta voz, Cristo ressuscitou - e a multidão responde - O Senhor verdadeiramente ressuscitou. Todos, então, cantam - Cristo, o Senhor, hoje ressuscitou - e, silenciosamente se encaminham na direção de outra área próxima ao templo. Há aí um velho cemitério, as pedras tumulares foram recentemente lavadas e estão cobertas de flores, tanto para celebrar a Ressurreição como para recordar daqueles que morreram desde a primeira Festa cristã da Páscoa. Em impressionante silêncio o povo novamente compreende que aquele que morreu na cruz é o Senhor vivo que ainda alcança vida eterna ao seu povo. Esta nova qualidade de vida inicia agora mas permanece em toda plenitude na eternidade. Isto é o que celebramos neste tempo: Um fato da história com enorme relevância para todos os tempos.

Os escritores do Evangelho deixam bem claro que o túmulo estava vazio. Este foi um ato fenomenal de Deus. Na medida em que a realidade desta verdade amanhece, ainda tímida, discípulos medrosos são transformados. Eles também, bem que poderiam ter sido crucificados, dada sua associação com um homem acusado como traidor. Mas eles então são transformados em pregadores dinâmicos da fé na Ressurreição. Estavam, em verdade, tão convencidos disto que até morreriam como mártires - antes de negarem a realidade do Senhor vivo."

Peter Graves, Letters to the Seven Churches