20 abril 2007

Páscoa III - 22 de Abril de 2007

Atos dos Apóstolos 9.1-6 (7-20)
Salmo 30
Apocalipse 5.11-14
São João 21.1-19
A Madrugada Pascal
A surpreendente extravagância de Deus
chama frágeis ossos a se erguerem
e corações de pedra a se elevarem.
Mulheres idosas dançam dentre as estrelas.
Ann Weems, Kneeling in Jerusalem
A Ressurreição de Cristo, Mestre de Vyssi Brod
cerca de 1350, Praga
Figuras de Deus - Dominique Ponnau - UNESP
Uma Escolha Difícil

A dificuldade da conversão consiste na dificuldade da escolha. Uma escolha deve ser acontecer para ingressar na vida e para também partilhar na busca dos outros por vida.

Mesmo que a conversão seja matéria de escolha, tem consigo também o conflito. Quando alguém se opõe a certo posicionamento sócio-econômico, uma ruptura é inevitável se é que uma conversão ocorrerá. Gustavo Gutierrez diz: - Desejar completar uma conversão, sem conflito, é iludir-se a si mesmo e aos outros -.

Quase todos os que escreveram sobre o assunto concordam com isto. Diz-se que a conversão deve ser radical até o ponto de - confrontar a morte para alcançar a ressurreição -. Jon Sobrino afirma que a exortação - arrependei-vos e crêde no Evangelho - tem em si um elemento de intimidação. - Agora é o tempo para uma decisão, e se abre a oportunidade da conversão... uma mudança radical na forma de existência de alguém.

A ruptura inescapável toma a forma de rejeição do presente, onde a morte trabalha ou, em outras palavras, a opressão exercida pelas condições sócio-econômicas em que estamos envolvidos. Se a conversão é o que dizemos ser - uma mudança que inexoravelmente nos impele a acelerar o processo de libertação (para que as massas tenham o direito de viver) - então o conflito é inevitável. A conversão trás consigo uma identificação dos opostos e um confronto definitivo.

A conversão é dom de Deus porque nos mostra o caminho e nos convida a entrar no mundo da liberdade, o mundo da vida. Mas ao mesmo tempo a conversão é uma tarefa humana, porque exige de nós um compromisso individual e coletivo na construção do mundo novo.
Elsa Tamez, Bible of the Oppressed