25 abril 2007

Páscoa IV - 29 de Abril de 2007

Atos 9. 36-43
Salmo 23
Apocalipse 7.9-17
São João 10.22-30
A Esperança acorda a Vida
Quando a esperança acorda, toda uma vida acorda com ela. Chega-se plenamente à vida. Parece mesmo que nem se havia vivido até então. Acordamos para uma vida que é eterna em seu prospecto, a vida que abre diante de nós o caminho todo da morte e mais além, uma vida que parece resistir à morte e sobreviver. Onde quer que a esperança ressurja, a vida ressurge também. Quando entramos na aventura espiritual, a esperança aparece onde antes não havia esperança alguma, onde somente havia uma existência de - desespero quieto - e a vida surge aí também, a vida da aventura espiritual, com o sentido de se estar em uma jornada no tempo. Há algo pelo qual viver onde antes nada havia. Contudo, isso se mostra não ser o bastante. O coração de alguém pode ser aceso e ainda persistir um resíduo de trevas, intocado. O resto que está escuro somente é alcançado quando se descobre uma vida nova e desconhecida em outra pessoa. Quando um encontra o outro, uma nova esperança aparece e parece afirmar-se como ter alguém por quem viver... mas esta esperança é desapontada. O canto escuro no coração foi aquecido mas não aceso - a ponto de fogo - a partir do qual vai queimar por si mesmo. Só se alcança o - ponto de combustão - quando morremos acordados - quando descobrimos uma vida que é capaz de viver através da morte e da perda. Quando a esperança de viver através mesmo da morte surge, parece a vida que sempre se esperou, pois esta é a vida de que se fala nas palavras da promessa - quem vive e crê em mim jamais morrerá eternamente.
John S, Dunne, The Reasons of the Heart
Piero della Francesca, Ressurreição, cerca de 1458,
Sansepolcro, Museu Cívico,
Figuras de Deus - Dominique Ponnau - UNESP
Não gerentes... somente!
Aconteceu ter encontrado na rua em Nova Iorque, com o rabino Dr. Abraão Heschel, proeminente rabino judeu. Segui com ele até em casa e passamos algumas horas juntos. Ele pediu desculpas por seu mau humor naquele dia - uma espécie de peso no coração que parecia não conseguir dissipar.

"O que o fez tão triste, rabino?" Perguntei.

"Minha oração da manhã", respondeu ele.

"Sobre o que o Sr. estava rezando?' Indaguei outra vez.

"O Concílio da sua Igreja", disse ele.

"Porque nosso Concílio o preocupa tanto?"


E o rabino respondeu com outra pergunta: "... quantos dos seus bispos ou outros clérigos, reunidos em Concílio, são mesmo contemplativos?" Então, eu é que fiquei triste!

O rabino estava mais que certo ao vincular o sucesso do Concílio não à habilidade gerencial de bispos ou na inteligência dos teólogos, mas na questão de se saber se os pastores do rebanho eram mesmo ou não... homens de Cristo, governados pelos dons do Santo Espírito, em contato direto com o Deus Vivo, como ele próprio rabino, buscava estar.

William McNamara, The Human Adventure: The Art of Contemplative Living