16 dezembro 2007

Advento III

Leituras

Profecia de Isaías 35.1-6, 10
Salmo 146.1-9
Carta de São Tiago 5.7-10
Evangelho de São Mateus 11.2-11



As leituras têm um sentido muito vívido da vinda de Deus, ou da vinda do Messias, como algo profundamente transformador. A Escritura é incansável em sua convicção de que nada do que é opressivo, torto ou de morte... permaneça como está. O poder de Deus e a paixão de Deus convergem para criar uma novidade absolutamente possível. As promessas da possibilidade messiânica trabalham contra nossa exaustão, nosso desespero e nosso senso de sujeição aos fatalismos.
A novidade é realmente possível. A comunidade espera por novidade; e tem razões para assim fazê-lo, mas somente porque se recorda da novidade dada no passado. O salmo para hoje provê um sumário inclusivo dos milagres trabalhados por Deus no passado, no sentido de fazer com que a vida nova seja mesmo possível.
Com este legado de memória e antecipação, somos capazes de discernir o Senhor Jesus de outra forma. É na vida e ministério de Jesus que estas grandes expectativas de Israel tomam corpo concretamente. Jesus é lembrado e celebrado como Aquele que permite que a vida humana recomece.
O oráculo profético, o salmo e o santo evangelho, todos se movem na direção do que há de factível na leitura da Epístola. A insistência da Epístola é a de que permitamos a convicção da possibilidade de uma nova humanidade... como algo que penetre ou permeie a vida toda, de tal forma que a perspectiva dos fiéis seja transbordante, diante do sofrimento aparentemente permanente. A comunidade dos fiéis crê, por caminhos cósmicos e íntimos, que a vontade de Deus pelo bem estar do mundo realmente prevalecerá sobre tudo o que é torto e patológico. A Igreja, no Advento, recorda desta novidade acontecendo em Jesus e se prepara para a afirmação de que Deus trabalha justamente agora para apresentar o mundo ao bem estar poderoso de Deus.
Ao abraçar esta esperança, os cristãos se distinguem tanto do desesperado, que não crê que alguma coisa possa mudar, e do auto-suficiente que acredita em si mesmo, trabalhando pela novidade. Nossa vida, confrontada com estas duas tentações, se volta para a realidade de Deus, o Deus verdadeiro que discernimos em nosso presente e ao qual confiamos nosso futuro.