06 janeiro 2008

Epifania

Leituras
Profecia de Isaías 60.1-6, 9
Salmo 72.1-2, 10-17
Carta de São Paulo aos Efésios 3.1-12
Evangelho de São Mateus 2.1-12



“Onde está o recém-nascido Rei dos Judeus?” Esta é a pergunta intrigante do texto de São Mateus. O conto da visita dos magos do Oriente, e que depois na tradição foram contemplados como Reis-Magos Gaspar, Baltazar e Melchior, nos atentam para a grande promessa messiânica presente especialmente no profeta Isaías, que diz que o Emanuel, será “Luz” para todas as nações, luz para os gentios. O que o evangelista recorda é a messianidade de Jesus e a universalidade da salvação. Jesus é primeiramente procurado por “gentios”, para ser cultuado, expressão mais coerente com o verbo ‘proskünésai’ (prostração, reverência), tema que será tratado por São Paulo. A mesma palavra é utilizada por Herodes no v. 8 de São Mateus, entretanto misteriosamente os magos são avisados em sonho sobre sua verdadeira conspiração. Certamente a matança dos Santos Inocentes gerada por Herodes justifica a fuga dos magos por outro caminho, despistando o poder opressivo e tirânico, do menino-Deus ainda tão frágil ao colo da Virgem Maria. A Estrela-Guia sinalizou aos magos o lugar exato em que estava o menino, e o v.10 enfatiza a grande alegria sentida por eles ao ver novamente a estrela, e diz: ‘regozijaram com uma alegria muito grande.’ Ao encontrar o menino lhe ofereceram ouro, incenso e mirra. Estes presentes simbolicamente representam as oferendas dadas a um Rei (ouro), a um Deus (incenso) e ao Soberano vitorioso da morte (mirra - utilizada para embalsamar os corpos). A alegria é a marca física mais expressiva do encontro do homem com Deus. A inesgotável e imensurável alegria ao encontrar Jesus desdobra-se no mais genuíno culto de louvor ao Messias. Prostração e tributo em oferendas nada medíocres são sinais da intensidade do mistério revelado. Em dias em que nem alegria, e muito menos tributos são oferecidos ao Senhor nas Igrejas, questionamos nosso próprio sentido de adoração. Onde está o “recém-nascido” Jesus? Se W. Temple está correto em sua afirmação, então é através da adoração que encontraremos a santidade de Deus. Então a adoração pública a Cristo, deverá ser o encontro real das pessoas com Ele, o recém-nascido. Assim, não de forma apelativa, os “gentios” saberão reconhecer entre os cristãos, o “espírito” do Cristo presente, manifesto, em uma Epifania. Na carta aos Efésios, São Paulo destina suas palavras aos “pagãos”, entretanto a palavra utilizada é ‘etnon’, dando mais a entender ‘povo – nação’. No v. 4, Paulo fala acerca do “Mistério de Cristo”. Que mistério era esse? O mistério segundo Paulo é revelado pelo Espírito, e sua mensagem era a da participação no mesmo “corpo” [místico] e de partilhar da mesma “promessa”. São Paulo entende que é através da adoração a Cristo que participamos da nova realidade da fé e observamos “a incalculável riqueza de Cristo.” (v.8). Na profecia de Isaías, Jerusalém emana a Luz divina. Ao seu redor, todas as nações estão cobertas de trevas, escuridão e névoa. A luz de Jerusalém alcançará todos os povos, e por ela todos serão guiados. No v.5, Isaías diz que o coração explodirá de grande emoção, e trarão as riquezas e os tesouros. No v.6 ele diz que uma grande quantidade de camelos invade Jerusalém trazendo ouro e incenso. Esse é um importante paralelo com o Evangelho. Nós, recebido o Espírito Santo, portamos essa luz que é de Cristo, e que é Cristo manifesto em nossas vidas. A devoção diária, o serviço e a piedade, a adoração e a presença sacramental da Igreja em nossas vidas manifestam (epifania) a Luz de Nosso Salvador. E se as pessoas perguntarem: Onde encontrarei Deus? Saberemos dizer onde está a Estrela-Guia.