14 dezembro 2008

14 de Dezembro de 2008 • Advento III

Leituras
Isaías 61.1-2, 10-11
Salmo 126
I Tessalonicenses 5.16-24
S. João 1.6-8, 19-28



Advento


O Advento desmantela o nosso mundinho arrumado por conveniência pessoal e nos prepara para um mundo radicalmente maior que é o universo do amor de Deus. O Natal de Jesus é o melhor sinal destas coisas. O Advento não é um tempo para disfarces. Nele, o que está oculto deve vir à luz. É tempo de tremor. Ele nos envolve como que numa espécie de terremoto, sacudindo os padrões nem sempre verdadeiros ou maduros que dominam a experiência humana. Esta a razão porque as leituras dos domingos nos sugerem transformação e apocalipse. É como se o Advento fosse um tempo de demolição, de preparação do terreno para a construção do que é genuinamente novo. No calendário da Igreja do Ocidente ainda antes do século VI, o Advento parece ter-se desenvolvido como um tempo preparatório e então, penitencial, enraizado no ensino da esperança. O Advento participa assim da visão bíblica do arrependimento e da esperança, particularmente na figura de João, o Batista, rudemente pregando pelos caminhos do deserto, clamando por contrição e batizando os que se prontificavam a esperar pela Soberania de Deus. Enquanto os mensageiros trazem até João a resposta de Jesus, o Mestre se volta para os presentes e inicia uma revelação apaixonada que antecipa o que lhe passa pela mente naquela hora crítica. Jesus começa por mostrar a importância do papel do João na economia de Deus. Diz ele que João é o maior dentre os nascidos de mulher e que com ele a era profética se encerrava e um tempo novo se abria. Jesus sabe que no Reino do Pai há um só que é grande, Ele mesmo, ainda se sinte ainda menor que João numa escala popular de valores, alguém que voluntariamente aceita o papel mais humilde (São Lucas 22.25-27), mas que em breve será revelado como o Filho do Homem em poder. Tudo isto nos empurra a pensar melhor sobre nossas vidas como cristãos. Nelas, também nossas atitudes. Pensando sério, não podemos evitar de refletir sobre o impacto das atitudes em nossas vidas. Elas talvez sejam até mais importantes que os fatos. Mais importantes que o passado, que a educação, que o dinheiro, que as circunstâncias, que os fracassos, que os sucessos e do que os outros pensam ou dizem. São até mais importantes que as aparências, que os nossos dons e habilidades.
Nossas atitudes podem quebrar uma comunidade, a igreja e a família. Mas o que há de encorajador é que Deus nos dá a oportunidade de considerar as atitudes que tomaremos no dia. Não podemos mudar o passado. Não podemos mudar o fato de que as pessoas agirão de um certo modo. Não podemos mudar o inevitável. A única coisa que podemos efetivamente é tocar a única corda de que dispomos... nossa atitude. A vida talvez seja 10% do que nos acontece e 90% de como a ela respondemos. Neste tempo do Advento, de terremoto nos nossos padrões e revelação das coisas que só Deus conhece, rezar mais sobre nossas atitudes é também um exercício penitencial.