08 junho 2007

Trindade I - 10 de Junho de 2007

I Reis 17.8-16 (17-24)
Salmo 146
Gálatas 1.11-24
São Lucas 7.11-17

Ressurreição e Fé
Não conseguimos compreender exatamente o que a Ressurreição é; devemos nela viver pela fé. Contudo, o Novo Testamento está cheio de analogias para realidades que somente podemos conhecer pela fé: parábolas sobre a compaixão de Deus, imagens de banquetes que sugerem a qualidade do reino de Deus, metáforas de plantio e colheita para descrever - transformação. O Apocalipse ensina através de imagens e símbolos; ele vem ao nosso encontro como imaginação. Os símbolos nos alcançam sentido e, ao mesmo tempo, preservam o contexto de mistério. São transparentes ao divino. É importante lembrar disto, pois é o que nos libera para imaginar o que a Ressurreição poderia ser, sabendo que a Escritura jamais pode plenamente descrevê-la ou, literalmente, acompanhá-la. Nesta área, como em todas as demais, vivemos por analogia.
A imaginação é especialmente importante quando lidamos com o paradoxo corpo / espírito, pois é ela que abarca a diferença entre matéria e espírito, unindo-os em um ato único de experiência e conhecimento. Ela nos alerta para a poesia que encontramos no mundo material.
Kathleen Fischer, Moving On: A Spiritual Journey for Women of Maturity



Sentimento de Pais

O que é mesmo que faz com que a morte de uma criança seja tão indescritivelmente dolorosa? Sepultei meu pai e foi muito doloroso. Mas nada é como isto. É de se esperar que sepultemos nossos pais; mas não esperamos - não, em nossos dias - sepultar um filho. O sepultamento de uma criança e um horrorosa alteração de expectativa.

Mas é mais que isto. Sinto muito mais, mas não consigo explicar. Uma criança vem ao mundo sem meios de sustento. Imediatamente nós, pais, damos de nós mesmos. Tomamos para nós mesmos o cuidado amoroso de permanecer com a criança... o caminho todo, até que tenha seu próprio futuro, um futuro em poderemos alegrar-nos com seus triunfos e entristecer-nos com suas dificuldades. Há nossos planos, esperanças e medos por ela. O futuro que abracei como meu mesmo foi destruído. Escapou de meus braços. Por vinte e cinco anos eu o guardei, sustentei e encorajei com minhas próprias mãos, ajudando a crescer para que se tornasse um homem por si mesmo. Ele então me escapou e foi perdido.

David Lockwood, Love and Let Go


África do Sul - Março 2007


TEAM (Por Uma Missão Anglicana Efetiva)

Chamamento para a Comunhão Anglicana

De 7 até 14 de Março próximo passado, tendo como hospedeira a Província Anglicana da África do Sul, sob a presidência Arcebispo Njongonkulu Ndungane, tendo ao lado o próprio Arcebispo de Cantuária, a grande maioria das províncias anglicanas do mundo esteve reunida, através de seus representantes e especialmente, por networks como o de Justiça e Paz. O propósito foi o de responder ao chamado do testemunho profético, necessidade de desenvolvimento social e enfrentamento do drama do HIV e AIDS.

Na véspera do final da Consulta o Plenário reunido trabalhou as Recomendações abaixo listadas para a Comunhão como um todo. Uma primeira marca de qualidade foi claramente expressa: com respeito a estes desafios, mais que o vocabulário dos Alvos de Desenvolvimento do Milênio, das Nações Unidas, precisamos falar com nosso próprio vocabulário como Igreja, mesmo que corramos um risco a mais.

1 - Fome e Empobrecimento: Perceber o uso dos alimentos como arma e ferramenta de opressão e alienação. Tratar do problema dos alimentos como fonte de sáude e não a serviço de indicadores econômicos ou políticos. A questão alimentar não deve ainda ser considerada como indicadora de "desenvolvimento" econômico mas como sinal vital de vida sustentável. Buscar a necessidade e ou possibilidade da criação de bancos de sementes.

2 - Educação: O binômio Igreja / Escola. Muito maior atenção para a educação básica, qualificação de professores e disponibilidade de bolsas de estudo.

3 - Igualdade de Gênero: Por seu testemunho a Igreja deve dispor de boas lições para a juventude. A ordenação de mulheres e também sua liderança na vida plena da Igreja são um chamamento a ser ainda melhor respondido.

4 - Redução da Mortalidade Infantil: Atenção muito especial às crianças recém nascidas e não menos no acompanhamento de seus primeiros anos de vida.

5 - Melhoria visível nas condições de acompanhamento e cuidado na maternidade. Nesta área, assim como em muitas outras, já que a Igreja conta com grupos de mulheres, deve contar também com a formação e participação responsável de grupos de homens.

6 - Combate HIV / AIDS. Incluir aí as enfermidades "oportunistas" como a tuberculose e outras. A malária ainda faz parte desta preocupação. A Igreja deve prestar acompanhamento pastoral tanto aos infectados como aos familiares não menos afetados!

7 - Cooperar e educar no sentido da sustentabilidade do Ambiente. Responsabilidade em todos os níveis de vida, local, nacional e planetária.

8 - Construção e fortalecimento de parcerias, das Igrejas umas com as outras e também com NGOs e associações voluntárias de serviços.

9 - Percepção e Redução dos Conflitos não só étnicos mas também na própria população nacional. Descobrir os "refugiados" de classe... da sociedade de cada dia.

10 - Proteção dos Direitos da Criança e Preservação da Vida dos Jovens.


CHAMADOS À AÇÃO

(Estratégias de Ação para todas as Províncias)

1 - Todas as Províncias deverão propor Planos de Ação segundo as preocupações acima listadas. Serão Estratégias de Desenvolvimento para cada uma e para todas as Províncias. Há uma data que precisa ser considerada decisiva: O Plenário decidiu-se por 07/07 de 2007. Temos, pois, um prazo já menor que um mês. O Plano de Ação de cada Província deve propor passos tangíveis e resultados verificáveis!

2 - Empenhar-se, quanto possível, em termos de advocacia e defesa, com as demais Igrejas, NGOs e agências de solidariedade e comunidade.

3 - Monitoração: A Comunhão deverá propor-se um Processo de Avaliação e Revisão dos passos alcançados ou ainda não... Todo este conjunto deve ser encarado somente como um início. Mas todas as iniciativas e ações devem começar no nível local (paroquial - diocesano e provincial), segundo a data limite.

O texto acima resulta das anotações do primeiro esboço feito em Plenário, traduzido pelo representante brasileiro no Peace and Justice Network da Comunhão Anglicana, na tarde de 13 de Março de 2007.