01 junho 2007

Domingo da Santíssima Trindade - 3 de Junho de 2007

Provérbios 8.1-4, 22-31
Salmo 8
Carta aos Romanos 5.1-5
São João 16. 12-15
Na Rotina de Cada Dia
Para os místicos, toda oração e meditação conduzem a uma compreensão e mergulho ainda mais profundos na vida da Trindade, vendo-a refletida no mundo criado, participando da vida comum e cotidiana. Por duas vezes me foi dado perceber esta experiência como num relance. Ambas as oportunidades ocorreram em ocasiões muito improváveis. A primeira, durante uma refeição ao ar livre numa fazenda, em meio as festividades em atenção a uma senhora francesa idosa. Estávamos reunidos quando subitamente, sem qualquer aviso, passou-se à conversa sobre a Trindade de Deus, sua significação e lugar na vida e na fé. A segunda ocasião, aconteceu no campus da Universidade de Manchester. Ao longo da viagem, pela estrada de Oxford, meu companheiro, sacerdote, também inesperadamente falou sobre sua compreensão da Trindade e como ele formara e dirigira seu próprio trabalho pastoral e vida espiritual... Ambas as experiências me alcançaram uma impressão muito forte, percebendo que a Trindade não está inescapavalmente além do horizonte humano, mas toca nosso existir em todos os seus cantos mais distantes.
John Harriot, The Empire of the Heart


Escultura de São Domingos de Silos, 1150
Figuras de Deus, Dominique Ponnau, UNESP
Arte de Paula K.Suzuki
A Força do Mal

Visitei um campo de refugiados chamado Jalazon, na West bank ocupada da Palestina. Aí, nas condições repressivas mais rígidas, perto de 6.000 pessoas tentavam manter alguma vida familiar e comunitária apesar de todas as adversidades. Passamos a tarde visitando uma creche e o centro de acolhida para mulheres. Caminhamos pelas ruas, impressionados pela visão das casas arrazadas pelos gigantescos Caterpillar ou simplesmente lacradas aos seus antigos moradores. Fomos convidados para a residência de uma mulher cujo filho de 13 anos de idade fora morto pelos militares. Éramos dez pessoas, sentadas naquela moradia pobre e desprovida de quase tudo. Mas mesmo aí, o dever da hospitalidade precisava ser observado. Notei as garrafas de limonada sendo passadas através da janela que estava atrás de mim e, em poucos minutos todos nós fomos graciosamente servidos com a bebida refrescante. Bebíamos nossos refrescos em um dia particularmente quente e poeirento quando, subitamente, ouvimos uma assustadora explosão, imediatamente seguida por outra. Um minuto mais tarde, um homem idoso correu para a casa sufocado e soluçando. Foi então que o gás lacrimejante começou a infiltrar-se em nossa peça da casa, fazendo-nos tossir, lacrimejar com olhos ardendo e finalmente correr. Deixamos os copos e buscamos uma outra peça mais no interior da pobre moradia. Mesmo assim, tivemos que correr para fora dela e retornar ao nosso carro, justo quando uma patrulha armada do exército descia a colina em nossa direção. O momento foi confuso. A experiência de hospitalidade e partilha da dor foi destroçado, e as mulheres que nos recebiam se sentiram, ao mesmo tempo, assutadas e constrangidas - em atenção à nós - porque, para elas, a opressão era uma ocorrência regular. Um momento de graça terminava em terror e confusão. Eu o experimentei como um momento literalmente diabólico, um momento em que tudo dasabou. É assim que reconhecemos a força do mal no mundo - simplesmente destruindo tudo.
Kathy Galloway, Getting Personal: Sermons and Meditations