02 setembro 2007

Trindade XIII

Leituras do Domingo

Livro de Eclesiástico3.17-20, 28-29
Salmo 81.1, 10-16
Carta aos Hebreus 12.18-19, 22-24
São Lucas 14. 1, 7-14



Ouvindo com o Coração

A escuta responsiva é a forma que a Bíblia dá à nossa busca religiosa básica enquanto seres humanos. Trata-se da busca pela vida humana plena, por felicidade. É a procura por sentido, já que nossa felicidade não depende da sorte; ela depende da paz do coração. Mesmo em meio ao que costumamos chamar de má sorte, em meio à dor e sofrimento, podemos encontrar paz no coração, se conseguirmos ver o sentido que está em tudo. A tradição bíblica mostra o caminho ao proclamar que Deus nos fala até mesmo nas circunstâncias mais adversas. Escutando atentamente a mensagem de um dado momento seremos capazes de acolher a Fonte do Sentido e assim, compreender o sentido da vida.
Escutar desta forma significa escutar com o coração, com o ser inteiro. O coração permanece como o centro de nosso ser, aí onde estamos realmente “juntos”. Juntos conosco mesmos, não compartimentados em intelecto, vontade, emoções, corpo e mente. Juntos também com outras criaturas, pois o coração é o “espaço” onde, paradoxalmente, não só sou mais intimamente eu mesmo, mas estou mais profundamente unido com todos. Juntos com Deus, fonte da vida, a vida de minha vida, amparando o coração. Para escutar com o coração precisamos sempre novamente retornar ao coração, através de um processo de recolhimento, trazendo à ele todo o possível. Escutando com o coração descobrimos o sentido. Assim como os olhos percebem a luz e os ouvidos escutam o som, assim o coração é o órgão para o sentido.
David Steindl-Rast, A Listening Heart: The Art of Contemplative


Filhos de Deus

O Evangelho cristão declara que as pessoas são de inestimável valor porque são filhas de Deus, centro da preocupação de Seu amor, criadas com uma destinação eterna; não só as pessoas em geral, mas os indivíduos, homens, mulheres e crianças, cada um com seu nome, todos absolutamente sem preço. Tudo isto Jesus aclarou perfeitamente ao dizer para os discípulos – ... até os cabelos de vossas cabeças estão contados: esta é uma imagem extravagante, feita para ser levada para casa... Quando tomamos Suas palavras seriamente, começamos a compreender o alcance da significação. Se forem verdadeiras, se é mesmo assim que as coisas são, se é verdade que Deus cuida mesmo de cada pessoa individualmente, dentre os bilhões que habitam o mundo, para não falar das incontáveis gerações do passado e das que ainda nem nasceram, não podemos descartar quem quer que seja como não tendo importância; nem estamos autorizados a supor que alguns são mais importantes que outros, ou que alguém deve ser sacrificado para servir aos interesses que “ganhem” precedência sobre a dignidade que nos é inerente. As conseqüências de se aceitar esta pressuposição básica são alarmantes, colocando em questão não só a forma como agimos nas relações com nossos irmãos humanos, mas também para a política internacional, militar, econômica e social que têm sido e ainda são consideradas como razoáveis por aqueles que por elas são responsáveis.
Paul Rowntree Clifford, Government by the People?