11 janeiro 2009

11 de Janeiro de 2009 • Epifania I

O Batismo de uma Criança

“Quem quer que presencie uma destas veneráveis cerimônias pode duvidar de uma coisa. O batismo de uma criança é a antecipação da fé de um adulto. De uma forma que é comovente para crentes e absurda para descrentes, tratamos a criança como pessoa, um filho de Deus autoconsciente e responsável. É que, cremos, assim Deus trabalha. Os tempos do verbo tem importância menor diante da eternidade: Deus vê desde o começo até o final. Antes que uma criança nasça, ou seja concebida, a misericórdia de Deus já a
recebeu.. Quando Cristo morreu sobre a Cruz, a criança sendo batizada já foi redimida pela dignidade infinita do sangue precioso. Agora, junto á fonte batismal, ela é levada ao fluxo da ação divina; sua salvação será alcançada a cada dia, e completada quando ver o semblante de Deus. Com nenhum de nós foi ou é diferente. Se, no batismo, a criança é vista como adulta, assim somos também nós, pecadores, confiantes em sermos recebidos como santos aos olhos daquela compaixão que nos redime. Somos membros vivos do Cristo. Aos olhos de Deus, somos aquilo que seu amor um dia fará de nós. Mas esta misericordiosa imputação da futura perfeição não é pretensão; Deus sabe como nos santificará e quando nos aceitará como santos; e ele sabe como aceita cada criança como cristã, acolhendo-a como tal. Ele supõe que usará os pais. Sabemos que os pais não podem ser tão frívolos ou sacrílegos ao ponto de trazer uma criança ao batismo, a menos que estejam plenamente decididos a dela fazer o cristão que Deus já antevê. Diante desta responsabilidade, todo vínculo mais pessoal dá uma significação e importância nova à nossa fé. A alma de alguém pode parecer coisa sem maior valor, embora não seja assim, mas ninguém de nós vive somente para si e também não morre somente em si. O nascimento de um filho é o renascimento de nosso amor a Deus. Ele nos confiou tesouro infinito. A salvação da criança está nas mãos infinitas de Deus e em sua bondade inexaurível, a nós conhecida em nosso Salvador, derramada em seu sacrifício, a nós alcançada pelo vínculo do batismo. Para fortalecer tal vínculo, para
abrir este canal, para isto existe toda a prática da fé e, em caso de que a presença de Deus sobre nossas cabeças perca sua força – e esta é nossa perversidade, Ele nos pode estender outro dom, o de nossos amigos, e nossas crianças aos nossos cuidados, abrindo-nos a Ele para que, por nós, chegue até elas. E assim, pelo amor que temos por elas, Ele nos persuade a amá-lo também.”


Revd Austin Farrer, Words for Life, pág. 76 – Charles Conti e L. Houlden, SPCK,
1993