28 outubro 2007

Trindade XXI

Leituras do Domingo

Eclesiástico 35.12-14, 16-19
Salmo 84.1-6
II Timóteo 4.6-8,16-18
São Lucas 18.9-14


Amor Compreensivo

Quantos de nós, em uma primeira leitura, paramos para imaginar por que o fariseu sente a necessidade de rezar desta forma? Pode, por vezes, ser mais fácil simplesmente julgar as ações dos outros do ponderar sobre as razões que suscitam tais ações. Agir amorosamente em relação aos outros exige que olhemos para além do óbvio. O que seria mesmo que compelia o fariseu a se comparar favoravelmente em relação ao coletor de impostos, diante de Deus? Uma resposta mais gentil a esta parábola seria a de se tentar entender as necessidades e feridas subjacentes, tanto do fariseu quanto do coletor de impostos.
É só quando olhamos para os outros por um olhar de amor que se segue a verdadeira humildade. O amor e a humildade são irmãos essenciais. Do amor próprio e da aceitação surge a capacidade de deixar de lado tanto a auto-promoção quanto a falsa humildade. O amor pelos outros nos permite construir relacionamentos baseados em aceitação mais que espírito crítico ou comparação. É este amor que nos permite caminhar ao lado dos demais. Para alcançar verdadeira humildade, deveríamos colocar o amor de verdade bem no centro das nossas vidas. Se nos centramos sobre o ser humilde, afirmados na humildade, então poderemos, por outro lado, chegar ao afeto absolutamente oposto.


21 outubro 2007

Trindade XX

Leituras do Domingo

Êxodo 17.8-13
Salmo 121
II Timóteo 3.14—4.2
São Lucas 18.1-8


“Quem é capaz de compreender o alcance do que está por ser descoberto numa simples manifestação do Cristo? Deixamos para trás muito mais que o que compreendemos, como pessoas com sede, bebendo de uma queda d’água na montanha.
As facetas de sua palavra são mais numerosas que os rostos daqueles que dela aprendem. Deus adornou sua palavra com muitas belezas para que, quem dela se instrui possa examinar o aspecto que lhe parece ser mais atraente. E Deus ocultou em sua palavra toda sorte de tesouros, de forma que cada um de nós pode ser enriquecido a partir de qualquer aspecto que meditemos. A palavra de Deus é a Árvore da vida que alcança a nós frutos benditos por todos os lados; é como a Rocha que foi tocada no Deserto, e se tornou bebida espiritual para todos, jorrando de todos os lados. – Eles comeram do alimento do Espírito e beberam do chamado do Espírito -.
Quem quer que encontre a Escritura não deve supor que uma única de suas riquezas que tenha percebido, é a única existente; antes, deve entender que ele próprio é somente capaz de descobrir justamente aquela, dentre tantas outras riquezas que aí existem.
Nem, já que a Escritura o enriqueceu, pode o leitor empobrecê-la. Pelo contrário, se o leitor é incapaz de descobrir ainda mais... seja ele pelo menos capaz de reconhecer a grandeza da palavra. Alegre-se, porque achou satisfação, sem se entristecer por não ter visto tudo. A pessoa sedenta se alegra porque bebeu: não se entristece só porque foi incapaz de beber até a fonte secar. Deixe que a fonte mate sua sede pois sua sede não pode esgotar a fonte!”

Efreu o Sírio, Commentary on the Diatessaron em The Luminous Eye:
The Spiritual World Vision of St. Ephrem

14 outubro 2007

Trindade XIX

Leituras do Domingo

II Reis 5.14-17 (ou Profecia de Jeremias 29.1, 4-7)
Salmo 113 (ou 66.1-12)
II Carta a Timóteo 2.8-15
São Lucas 17.11-19




O Desígnio de Deus

Um nacionalista de mente estreita, agravado por uma compreensão religiosa fundamentalista não teria conseguido escrever tais palavras. - Procurai a paz da cidade, para onde vos deportei... - Profecia de Jeremias 29.1, 4-7
Os olhos de Jeremias estavam abertos para o desígnio de Deus para todas as nações, inclusive a sua. Nação alguma em separado poderia abarcar o poder de Deus, poder que move a história. Com a queda do reino de Judá, Jeremias deve ter sentido o dinamismo deste poder movendo com a história, operando especialmente na Babilônia. Continua assim por mais de dois mil anos. É muito longo o caminho desde a torre Babel e do caminho de Abraão. Por entre rupturas e dispersão, nações e povos são conduzidos a compreender que Deus é maior que qualquer nação, religião ou cultura.
Uma única nação em particular, mesmo a de Israel e Judá não consegue compor uma visão completa daquilo que Deus está fazendo no mundo. Foi só após a entrada da Assíria e Babilônia na arena da história, que um painel mais completo do desígnio de Deus para o mundo começou a aparecer. Da mesma forma, uma única cultura em particular, mesmo a que se chama cristã, não consegue revelar a inteireza dos pensamentos de Deus para o mundo. Enquanto a cultura Hindu ou a de Confúcio não forem consultadas, por exemplo, o Deus dos cristãos permanecerá como um Deus parcial.

Choan-Seng Song, The Compassionate God: An Exercise in the Theology of Transposition


07 outubro 2007

Trindade XVIII

Leituras do Domingo

Profecia de Habacuc 1.2-3; 2.2-4
Salmo 37.3-10
II Carta a Timóteo 1.6-8,13-14
Evangelho de São Lucas 17.5-10


Como Grão de Mostarda

Deus amoroso, confessamos que falhamos,
Não temos sido o que pretendes, nem temos vivido como esperas de nós;

Deveríamos tocar o mundo com bondade, mas temos buscado nossa própria salvação.
Deveríamos cuidar de tua Criação, mas a espoliamos sem lembrar dos que ainda estão por vir.
Deveríamos encontrar as necessidades dos outros, mas nos descobrimos relutantes em partilhar.
Deveríamos levantar e afirmar a verdade, mas permanecemos em silêncio em face do mal.
Deveríamos viver com amor e compaixão, mas nos agarramos aos valores deste mundo.
Deveríamos repartir nossa fé com alegria, mas falta-nos coragem para crer em Ti.

Necessitamos de ti, ó Deus, se é que queremos mesmo tornar-nos o que esperas de nós.
Transforma-nos pelo poder de teu Espírito.
Renova nossa fé a cada dia, tornando-a tão grande quanto um grão de mostarda,
cheia de promessa e possibilidade,
para que vivamos com coragem e propósito
e vejamos os sinais das parábolas que tens para nós
no mundo de hoje.

Francis Brienen, A Restless Hope: Prayer Handbook