28 junho 2008

29 de Junho de 2008 • Trindade VI

Leituras

II Livro de Reis 4.8-11, 14-16
Salmo 89.1-18
Carta aos Romanos 6.3-4, 8-11
Evangelho de São Mateus 10.37-42

A Comunhão dos Santos

Nossa compreensão mais profunda da Comunhão dos Santos depende não tanto do entendimento a respeito dos santos mas de nossa compreensão sobre a natureza da oração.
Se a oração for formatada por nossas necessidades e súplicas, podemos então resvalar para o entendimento dos santos como aqueles que respondem às nossas orações, ao nos alcançar certos favores. Se, no entanto, nossa oração for constituída antes de tudo por glorificar a Deus na procura por Sua vontade e por Seu reino, seremos erguidos acima de nós mesmos na companhia daqueles que no paraíso e no céu procuram pela glória e também a refletem.
Na família dos santos podemos pedir pelas orações daqueles que estão próximos da visão de Deus, e podemos rezar por todos os que estão na terra, no paraíso ou no céu. Mas não podemos esquecer que esta família inclui os fracos e os que ainda lutam, como nós mesmos, ou aqueles cuja santidade é tão tênue porque o mundo deles exige demais. Nossa oração olha tanto para os fracos quanto para os fortes e, se formos fiéis, alcançará a ambos, uma vez que a glória de Cristo é sempre uma com a agonia de sua compaixão. Isto é o que significa rezar – Creio na Comunhão dos Santos.

Por que mesmo estamos aqui?

Será que existe mesmo neste nosso mundo dividido e frustrado alguma pista, algum sentido, um padrão, alguma soberania, um caminho? A Fé Cristã responde: Sim, há uma pista, um sentido, um padrão, uma soberania, um caminho. Isto é o que se descreve na parábola de Jesus sobre o grão de trigo que morre para dar fruto. É assim que Deus conquista o mal. Onde quer que em nosso mundo existam vidas que assim vivam, aí haverá uma luz brilhando e refletindo a própria luz de Cristo, um caminho claro e luminoso.
Assim saudamos aos santos.
Não é fazer o bem neste mundo o que gera um santo; ele geralmente faz o bem, mas o mesmo também ocorre com muitos outros a quem jamais chamaríamos santos. Não, o santo é alguém que tem uma peculiar proximidade a Deus e torna Deus muito real e muito próximo das outras pessoas. Ele personifica a parábola do grão de trigo que cai sobre a terra e morre.
Os santos refletem Jesus no mundo. Eles respondem a indagação dos desesperados que se perguntam, Onde está a chave, Qual é o objetivo? Para o que é mesmo o mundo? Eles nos mostram porque que estamos aqui – pois a menos que o grão de trigo caia sobre a terra e morra... –
Por que foi o mundo criado? A Festa de Todos os Santos nos dá a resposta.

21 junho 2008

22 de junho • Tribdade V

Leituras

Profecia de Jeremias 20.10-13
Salmo 86.1-10,16-17
Carta aos Romanos 5.12-15
Santo Evangelho de São Mateus 10.26-33

O Santo Espírito

O Espírito, derramado no dia de Pentecostes, é dom de Jesus crucificado e exaltado. O Espírito, é o Espírito de Jesus. Esta é a revolução no conceito do Espírito que vemos na Igreja primitiva.Em Atos dos Apóstolos São Lucas expõe o nascimento da Igreja como o drama do Espírito Santo.
A Igreja existe pelo poder do Espírito Santo. Seja como comunidade, como corpo, como templo ou povo de Deus, ela não tem existência não ser pelo impacto do Espírito sobre as vidas humanas.
A renovação feita pelo Espírito na Igreja está ligada ao testemunho do Espírito à vida, morte e ressurreição de Jesus. O caminho da verdade pelo qual o Paráclito nos guia é sempre a vereda que é Cristo mesmo, o que acontece quando Ele toma os fatos de Cristo e os declara aos discípulos.
Custa caro invocar o Espírito, pois a glória do Calvário foi o preço da missão do Espírito e é o preço mesmo da renovação do Espírito. É à sombra da Cruz que em todos os tempos da história os cristãos rezam: - Vem, ó Santo Espírito.

Pomba do Espírito Santo, multicolorida, com fundo floral primitivo. Nadja Vilas Boas. Mosaico bizantino, acabamento polido

O Santo Espírito e o Mundo

O Espírito não é algo em si mesmo, ou uma pessoa em si mesma, ou uma entidade filosófica também em si; Ele significa que Deus está ativo no mundo.
Como a ação de Cristo na Igreja inclui o aquecer realizado pelo Espírito nas respostas dos crentes, assim a ação do Verbo no mundo incluirá o aquecer do Espírito nas respostas humanas.
A salvação do mundo é trabalho do Santo Espírito não só para produzir bondade nas vidas humanas e conduzi-las a reconhecer Deus como o autor da bondade, além de glorificar o Cristo.
Três questões são suscitadas pela relação do Espírito na ecclesia e o Espírito no mundo: as ciências, as religiões do mundo e a bondade nele difusa.
Cada uma destas questões clama pelo reconhecimento explícito do Verbo divino e do Espírito no mundo, bem como pelo reconhecimento de um Salvador divino sem o qual nem a ciência, nem a religião, nem a bondade, podem subir ao céu – pois o céu é a participação perfeita na glória da Deus através do Espírito.

Gateway to God, Arcebispo Michael Ramsey
Editado por Lorna Kendall, Darton, Longman and Todd, Londres - 1988

14 junho 2008

15 de junho • Trindade IV • Evelyn Underhill

Leituras

Livro de Êxodo 19.2-6
Salmo 100
Carta aos Romanos 5.6-11
São Mateus 9.36, 10.8


O Santo Espírito
Dom e Poder

Última Mensagem de Evelyn Underhill
15 de Junho de 2008
Aniversário do Seminário e 105 anos de nossa Educação Teológica no Brasil

“Desde o início a Igreja esteve segura de que as séries de eventos que concorreram para o final inevitável da Semana Santa resumem e expressam os segredos mais profundos da relação de Deus com os seres humanos. Isto significa que a fé cristã jamais poderá ser só uma religião agradável ou consoladora. É trabalho duro. Está preocupada com a salvação através do sacrifício e do amor em um mundo no qual, como agora podemos ver, o mal e a crueldade são crescentes. Seu símbolo supremo é o Crucifixo – o ofertório total do ser humano aos propósitos redentores de Deus.

Somos todos filhos de Deus e temos todos nossa parte a desempenhar em seu plano redentor; a Igreja consiste nas almas amorosas que aceitam este dever, com todos os seus custos. De seus membros é exigido que vivam, cada um em seu caminho, através dos sofrimentos o abandono da Cruz; isto, como a contribuição única que podem fazer para a redenção do mundo. Os cristãos, assim como seu Mestre devem estar prontos a aceitar o pior que o mal e a crueldade lhes possam fazer, além de vencer tudo isto pelo poder do amor.

Se sacrifício e entrega total ao propósito misterioso Deus é o que se espera de nós, Sua resposta a este sacrifício é o dom de poder. Páscoa e Pentecostes completam o Mistério Cristão ao mostrar-nos, primeiro nosso Senhor mesmo e então, seus apóstolos escolhidos cheios de poder - poder do Espírito – que transformou todas as situações com que se depararam. Este poder sobrenatural ainda é a herança de todo cristão, e nossa idéia de fé cristã será destorcida e incompleta a menos que confiemos assim. É somente este poder que pode suscitar a nova sociedade cristã da qual tanto ouvimos. Devemos rezar por ela; esperá-la, nela confiar, e assim fazendo, aos poucos estaremos mais e mais dela convictos.”
(1) Esta foi a última carta que Evelyn Underhill escreveu ao Grupo de Oração que dirigia, para a Páscoa, em 1941. Ela morreu dois meses mais tarde, na Festa de Corpus Christi.

Os Sete Dons do Espírito

“Os escritores místicos nos falam de certas qualidades que são tradicionalmente chamadas de – os sete dons do Espírito -; se estudarmos a natureza especial destes dons veremos que são nomes de marcas ou poderes interligados que trabalham unidos pela edificação e esclarecimento da personalidade toda – como a edificação da natureza humana à novos níveis, uma sublimação do seus instintos primitivos. O primeiro par destas qualidades que devem marcar nossa humanidade espiritual são chamados de Santidade e Temor. Por elas significamos o solene instinto de relação direta com uma ordem eterna, aquela seriedade e encanto que devemos sentir na presença dos mistérios do universo; o temor do Senhor que é o princípio da sabedoria. Destes, crescem os dons chamados Conhecimento, o poder de discernir os verdadeiros dos falsos valores, de escolher um bom caminho pelo mundo confuso e a Força, o forte controle central das diversas energias do ser: este talvez, o dom mais necessário de nossa distraída geração. – Pelo dom da força espiritual, - diz Ruysbroeck, o ser humano transcende todas as coisas de sua condição como criatura, além de possuir-se a si próprio, poderoso e livre. - Este certamente é um poder que devemos desejar para as crianças do futuro e a elas devemos alcançá-lo, se nos for possível.

Vemos que os primeiros quatro dons do Espírito governam o ajuste do ser humano em sua vida terrena: eles incrementam muitíssimo o valor da personalidade na ordem social, esclarecendo a mente e juízo, conferindo nobreza aos objetivos. Os últimos três dons – chamados como Conselho, Inteligência e Sabedoria – governam o relacionamento com a ordem espiritual. Por Conselho, os escritores místicos significam aquela voz interior que, na medida em que a alma amadurece, urge conosco a deixar o transitório e procurar pelo eterno; isto, não como ato de dever, mas como ação de amor. Quando esta voz é obedecida, o resultado será uma Inteligência espiritual; a qual, como diz Ruysbroeck novamente, pode – “ser semelhante ao nascer do sol, que enche o ar com seu brilho claro, iluminando todas as formas, mostrando a distinção de todas as cores”. Este dom espiritual assim, irradia o mundo todo com um novo esplendor e nos mostra segredos sobre os quais jamais antes cogitamos. Dele, os poetas conhecem vislumbres e dele procede seu poder; é que ele capacita os seus possuidores a viver verdadeiramente, a partir a perspectiva de Deus e não da perspectiva humana.”

(De uma Antologia do Amor de Deus, por Evelyn Underhill)
Extraído de The Anglican Digest, Pentecost 2008

ADORAÇÃO

“A Adoração é a primeira e a maior das respostas da vida ao seu ambiente espiritual; é o movimento primeiro e mais fundamental na direção do Espírito, a semente da qual todas as demais orações devem brotar. Ela está dentre as forças educativas mais poderosas, purificando o entendimento, formando e desenvolvendo a vida espiritual. Assim como jamais podemos conhecer o segredo da grande arte ou música, até que tenhamos aprendido e olhar e escutar com humilde reverência – alcançar uma beleza além de nosso alcance – assim a procura e o apreço permanecerão intocados, até que tenhamos aprendido a contemplar, ouvir e adorar. Somente então iremos adiante de nós mesmos e de nossa pobre visão, derramado-nos àquilo que nem conhecemos, escapando de nossa pequenez e de nossas limitações, para a a vida universal.”

Evelyn Underhill, The Golden Sequence, Methuen & Co. Ltd., 1932, página 162

Tradução de D. Luiz O. P. Prado para uso interno do SETEK

07 junho 2008

08 Junho 2008 • Trindade III

Leituras

Profecia de Oséias 6.3-6
Salmo 33.1-12
Carta aos Romanos 4.18-25
Evangelho de São Mateus 9.9-13



As Lágrimas de Jesus Unem Nosso Mundo

“Sempre de novo percebo os apóstolos, nos textos do Novo Testamento, animando os cristãos de seu tempo a pensarem sobre os conflitos maiores, as dificuldades maiores vividas pelos irmãos em outras terras. Somos, realmente somos, membros uns dos outros?
Estamos prontos para um modo de vida mais simples? Temos tido o cuidado, por nós mesmos, de fazer tudo o que for possível no serviço aos famintos? Temos mesmo nos comprometido de forma que nos custe realmente alguma coisa?
Podemos retratar Jesus hoje chorando sobre muitas cidades, aldeias, vilarejos e países; alguns com sua pobreza e fome, alguns com sua riqueza, poder e complacência.
As lágrimas de Jesus unem nosso mundo e mostram como nos deixamos envolver e omitir. Jesus teria nos envolvido em sua tristeza e, sendo seus seguidores, não teríamos desejado diferentemente. Mas aqueles que participam na dor de Jesus são também admitidos à sua alegria: Sua alegria por um pecador que emenda seus caminhos, Sua alegria por todo copo de água fresca dado a uma criança em necessidade, Sua alegria por todo ato de serviço ao Pai celestial e à humanidade.
Não perguntaremos, - quem é meu próximo? – Meu próximo é Cristo e Cristo está em toda parte.”

Ainda... Lendo São João

“O Evangelho de São João nos oferece o retrato da vida e ensino de Jesus através de um discípulo que ponderou esta significação e que culminou numa dada compreensão da Sua mensagem para a raça humana. Este Evangelho nos mostra Jesus tal como foi experimentado, conhecido e amado há séculos. Mas em nossa leitura não podemos olhar somente para trás. Pensaremos sem cessar como este Jesus está vivo em nossos dias, falando-nos tanto quanto falou a Nataniel, Nicodemos e à mulher em Samaria. Lemos de Jesus sobre como Ele era então visto e ouvido há séculos. Sabemos como este mesmo Jesus está presente em nós, nos nossos dias, falando diretamente através dos atos e palavras que lemos.
Devemos rezar: Senhor Jesus, lendo o evangelho de teu discípulo, mostra-me o que devo escutar, receber e fazer. Faz deste Evangelho uma palavra viva para mim.”

Gateway to God, Arc. Michael Ramsey
Editado por Lorna Kendall
Darton, Longman and Todd, Londres - 1988