12 novembro 2010

EVELYN UNDERHILL – A MULHER E A MÍSTICA NA PERSPECTIVA DO ACOLHER E SERVIR


Vera Lucia Simões de Oliveira,

professora de História da Igreja

e Coordenadora Acadêmica do SETEK



Infância e Juventude


Evelyn nasceu na Inglaterra, no ano de 1875. Seus amigos costumavam dizer que ela era muito reservada, no que se refere ao seu período de infância. Parece que seus pais tinham uma vida mais voltada para o casal e a menina, filha única, era relegada a um papel secundário na família, situação não incomum na Inglaterra vitoriana, em lares abastados. Seu pai, Sir Arthur Underhill, no entanto, parece ter percebido as potencialidades intelectuais de sua filha. Ele era um brilhante advogado que, na época do nascimento da menina, filha única, mudou-se com a família de Wolverhampton para Londres.(Talvez essa mudança tenha ocorrido por desejo de elevação de status social, ao sair-se de uma cidade pequena e ir morar na Londres cosmopolita da época, centro do Império Britânico, onde vivia a corte e onde recepções faustosas se sucediam). Ele e sua esposa gostavam de velejar, tinha um pequeno iate, conduzido por marinheiros, e foram os iniciadores da pequena Evelyn neste hábito familiar. No entanto, parece que a menina não fazia boa figura neste quadro familiar de velejadores e ela cedo foi enviada para uma escola, onde ficou até os 16 anos. Apesar disso, segundo afirmava, sua família era afetuosa e lhe dava uma sensação de segurança.
Antes de deixar a escola, ela escreveu uma carta à sua mãe onde falava sobre como o ideal de uma mulher e esposa deveria ser, e segundo Evelyn, esse ideal era inspirado em sua mãe. Sua vida de estudante foi marcada pela seriedade e dedicação e, ao voltar para a casa, depois de cursar uma escola para meninas de posição social elevada, estava habilitada a enfrentar o que se esperava de uma jovem no fim da era vitoriana: tinha elevado senso artístico, suas disciplinas favoritas eram ligadas à área de Humanidades e Línguas e o interesse místico já começava a se insinuar nela. Além disso, sabia dirigir uma casa, onde se ordena aos criados o dia-a dia de uma família bem postada, financeiramente. Escrevia bem e mantinha o hábito constante de escrever cartas, o que muito lhe valeu, mais tarde, em sua experiência religiosa. Seus pais eram nominalmente anglicanos, e essa indiferença religiosa dos mesmos começa a formar na jovem uma inquietação a respeito de seu futuro de fé, apesar de que um de seus tios era sacerdote anglicano. Na verdade, seu pai era um Deísta convicto, apesar do irmão sacerdote, e isso, de início, influenciou profundamente a Evelyn em sua vida espiritual. Apesar disto, ela havia sido batizada e confirmada na Igreja Anglicana e se preparara muito para a sua Confirmação, o quer demonstra, pelo menos, o seu nível de responsabilidade.
No último dia em que esteve na escola, escreveu uma carta à sua amiga Lucie Menzies, dizendo, entre outras coisas, que:” ... Meu ideal de um homem é o de que ele possa ser verdadeiro, forte, intelectual, e com consideração; não um aderente a algum partido extremista, mas sempre pronto a ajudar os pobres e os oprimidos.Não importa se ele não é bonito, ou se é tímido ou brusco, pois estas são coisas supérfluas. Eu nunca vi um homem que atendesse a meu ideal. Na vida real, eu admiro muito a Maomé, porque ele era sincero, Giordano Bruno, porque ele era forte e verdadeiro, e Jesus Cristo, por sua ética. Ele era perfeito e sempre pensava nos fracos, em primeiro lugar.
Na ficção, eu admiro o Satanás de Milton, por sua fortaleza, o Rei Artur, de Tennyson, por sua bondade,e o Romeu, de Shakespeare, por seu charme pessoal.

... Eu não acredito em preocupar a Deus com orações por coisas que desejamos. Se Ele é Onipotente, Ele sabe o que desejamos D´Ele, e se Ele não o é, não nos pode conceder o que desejamos. Eu penso que é um insulto a Deus repetir as mesmas orações todos os dias. Isso seria o mesmo que dizer de Deus que Ele é surdo, ou de pouca compreensão.
... Eu não acredito que a Bíblia tenha sido inspirada, mas penso, sempre, que ela é um dos melhores e mais sábios livros que o mundo jamais conheceu.” (Cropper,Margaret – Evelyn Underhill, pág.5)
Por este pequeno texto de uma carta escrita a uma outra jovem como ela, uma adolescente, podemos perceber o nível intelectual das meninas em pauta, mas, ao mesmo tempo, um pouco de ingenuidade, fé, descrença e, acima de tudo impertinência, no que se refere ao que pensamos nós, cristãos e cristãs, sobre Deus e a Bíblia. Mas também consideramos a coragem de sua sinceridade e o nível de reflexão que preocupava a uma jovem de quinze para dezesseis anos.

Certamente, seus pensamentos não eram frívolos e superficiais. Na fase dos quinze anos, Evelyn, contrariando seus pontos de vista (já que afirmara na carta à amiga que não se devia cansar a Deus com orações) orava diariamente por dois jovens irmãos: Jeff e Hubert Stuart Moore, seus vizinhos recentes. A mãe dos dois jovens já havia falecido e a Sra. Underhill os tomara sob sua proteção. Começou assim o contato de Evelyn com seu futuro marido, pouco mais velho do que ela.O pai dos mesmos também era advogado, caminho seguido por Hubert, mas talvez por precisar abrir espaço na vida, os dois se casaram quando a noiva já tinha 32 anos, o que não era usual na época. Ele foi seu primeiro e único namorado e entre outras coisas, compartilhava com ela seu intenso amor pela Natureza. No entanto, Hubert era anglicano convicto e isto dificultou bastante a relação inicial dos dois, pois Evelyn, quando se sentiu verdadeiramente cristã, pensou em aderir ao Catolicismo Romano, o que desgostava a Hubert, que não desejava ter uma esposa de uma confissão diferente da sua.
A jovem, sempre inquieta intelectualmente, manteve uma conexão de estudos com o King´s College, de Londres, a qual continuaria por sua vida inteira. Inicialmente, ela estudou Botânica e Línguas; depois, estimulada por seu pai, Filosofia e Ciências Sociais.Logo depois, ou ao mesmo tempo, desperta para começar a escrever, inicialmente para revistas femininas. Nessa época, desenvolve profissionalmente suas habilidades manuais como encadernadora de livros. Depois, ela começou a desenhar, e tudo o que fazia era bem feito e com compenetração. Na arte de encadernar, encontra uma grande afinidade com Hubert, que gostava de esculpir. Assim, os dois desenvolveram atividades manuais, trabalhando em conjunto, muitas vezes, com grande alegria – ela encadernava, enquanto ele esculpia, num velho galpão da casa de Evelyn.
Mas o trabalho manual não a fazia esquecer do estudo.Estimulada pelo pai, ela leu Dante, Plotino e, nesta época, afirmava que não tinha mais nenhum interesse religioso. ( O Deísmo com o que se pai simpatizava, dizia, entre outras afirmações, que Deus existe porque é parte da criação da mentalidade humana. Na verdade, este Deus, fruto da liberdade religiosa do homem, numa religião natural, não tinha poderes divinais, nem tinha sido responsável pela Criação. De Jesus Cristo e do Espírito Santo, nem se cogitava. Evelyn, que tinha muita afinidade intelectual com o Pai, sofria discreta influência desse tipo de reflexão. Daí o conceito de Deus, indicando uma certa dúvida, que citamos de sua carta à amiga Lucy Menzies).
Em 1898, ela foi, no iate da família, com os pais, para a Suíça e a Itália, em férias. E foi aí que ela “descobriu” a Itália e todo o seu potencial artístico e, principalmente, religioso. Sobre este país, ela escreveu: “Itália, a terra santa da Europa, o único lugar que permanece, eu suponho, como realmente medicinal para a alma... Há um tipo especial de pessoa que precisa ir até lá para encontrar-se a si mesmo” . ( Cropper, Margaret, pág.13.) Essa afirmativa mostra a mudança espiritual que estava começando a se processar nela: deixa de acreditar num Deus imaginado, e se volta para o Deus único. Só que ela entendia essa unicidade, inicialmente, como só existindo o Deus Pai. A Trindade não era, ainda, fruto de suas preocupações.
Tempos depois, sem a companhia da família, ela vai só à Florença. Visitando igrejas e galerias, sua alma sedenta de fé encontra conforto e devoção, nas imagens pintadas ou esculpidas com beleza e amor. Era um tempo de semeadura para ela. Numa carta a Hubert, ela afirma, entre outras coisas, que essas visitas em que não sentia o tempo passar, ao olhar as obras de arte, eram de caráter espiritual para ela, e que sua alma estava, inconscientemente, aprendendo muito sobre coisas profundas da vida. E a sua preocupação, no momento, estava no que era distante e indistinto, o Além. E ao pensar no Além, ela não estava preocupada com Dogmas ou Instituições, só com o que viria depois, o supremo encontro com Deus.
É nessa etapa que ela descobre os místicos medievais. E também busca saber mais sobre o oculto. Começa a selecionar, então, entre seus amigos, os que tinham preocupações semelhantes, entre eles, seu futuro cunhado e sua esposa. Formou um circulo de amizades, que se encontrava para discutir estes temas. O próprio Hubert, não afeito a esse assuntos, mediante acervo do Museu Britânico sobre a Virgem, municiou-a com material sobre o misticismo contemplativo. Talvez a influência dos seus cunhados, romanos e não anglicanos, suas visitas à Itália e sua contemplação de obras místicas, e sua preocupação com o Depois, ou Além, tenha despertado com mais força o interesse de Evelyn na Igreja Romana. Como muitos dos seus amigos mais religiosos eram romanos, ela passa a aceitar a idéia de que a Igreja Anglicana era como todas as igrejas protestantes; carente de alegria, pois a alma só se sentiria feliz em seu encontro com Deus, na devoção católica-romana.
Suas viagens à Itália continuavam, muitas vezes Evelyn as fazia acompanhada de sua mãe. Ela ainda estava na década dos 20 anos, e continuava solteira, por isso, utilizando os recursos financeiros da família, viajava, principalmente à Itália, onde encontrava conforto espiritual.
Em 1904, ela começou a fazer parte de um grupo chamado “Sociedade dos Pesquisadores da Alma”, onde aconteciam experiências de ocultismo. Mas logo se desvincula do grupo, por não se sentir confortável no meio deles. É nessa época em que escreve o livro “O Mundo Cinzento”, no qual relata desventuras de uma jovem que vem a falecer e de sua peregrinação no Além. Este livro alcança sucesso de bilheteria. Na medida em que continua a escrever, às vezes utiliza-se de pseudônimo masculino, ”John Cordelier”, pois, na época, era no mínimo estranho, senão um escândalo, uma jovem mulher escrever sobre temas não comuns.Mas Evelyn começava a ser procurada por editores, pois seus livros eram sempre sucesso.Um detalhe interessante sobre a jovem escritora é que ela amava os gatos e gostava de tê-los entre seus personagens.
Depois de “O mundo Cinzento” ela escreve mais dois livros, entre eles, “A Coluna de Poeira” que, entre outras coisas, marca o período de confusão espiritual pelo qual a autora estava passando. Mais tarde, ela abandona esse misticismo confuso, e escreve uma obra chamada “Os Milagres da Virgem Maria”, na qual ela demonstra o seu misticismo de então, livro este que, novamente, faz um enorme sucesso entre os/as leitores/as. Evelyn tinha o dom de tocar a almas das pessoas, não importando o tema que abordava. Prova do alcance de Evelyn, foi o depoimento que fez dela uma amiga recente, Mrs. Belloc Lowndes, ao escrever: “Com uma agradável maneira de ser, ela permaneceu profundamente nas memórias de minha juventude. Ela era gentil, silenciosa e despretenciosa; seu nome era Evelyn Underhill, e quando a vi pela primeira vez, ela havia acabado de escrever o Livro “O Mundo Cinzento”, logo seguido pelo “A Coluna de Poeira”. Ambos os romances tem neles uma qualidade especial de beleza poética que nenhum autor havia conseguido, até então. Evelyn era excessivamente modesta, e nunca falava de si mesmo ou de seus escritos”.(Cropper,Margaret,pág.27.)
Depois dessa época, Evelyn incrementou seus planos de ingressar definitivamente na Igreja Católica. Nessa fase, ela conheceu seu grande mentor espiritual, cristão e católico romano, o barão Von Hügel. Evelyn havia lido histórias de muitos místicos, desde os da Igreja Celta, como São Columba, até santos da Cristandade Medieval, como Santa Tereza D´Ávila e São João da Cruz, entre outros e, particularmente, se encantara com um monge místico holandês, Ruysbroeck. Além disso, conhecia Santo Agostinho, especialmente através de suas “Confissões” e Juliana de Norwich, mística do século XIV, em suas “Revelações do Amor Divino”. Na medida em que lia, mais e mais, recomendava seus amigos mais diletos a lerem como ela.
Eu entendo toda essa fase anterior de Evelyn, até se definir, finalmente, pelo Cristianismo, como um caminho que o Senhor a fez percorrer, porque conhecia o nível de exigência espiritual de sua alma,e, subindo degrau por degrau, e assimilando o que de bom havia em várias correntes, até não cristãs, a jovem estava crescendo em sua fé. Quando esteve em Roma, havia sido recebida pelo papa, numa audiência particular, o que foi um momento muito especial para ela. Tudo indicava sua inclinação por Roma. (Sua adesão à Igreja Anglicana, após o seu casamento, foi o resultado de uma longa peregrinação, consciente e inconsciente, até a sua plena decisão final. E mesmo que, antes, se preocupasse profundamente com a posição anglicana do esposo, as suas tentativas de tornar-se romana eram relacionadas ao seu estágio espiritual, particular, do momento). Nessa peregrinação, a ajuda do Barão Von Hügel, seu extraordinário orientador espiritual católico-romano,ocupou um lugar importante. Também um grande místico e erudito,em sua constante correspondência e ocasionais encontros pessoais, ele a dirigiu com mão firme, experiente e austera. Apesar de seu extremo afeto pela jovem Evelyn, ele não hesitava em corrigi-la seriamente, ao ler suas idéias nas cartas trocadas. Certa vez, chegou a classificá-la fortemente de Unitariana ( forma de expressão religiosa que só valoriza a Deus, não dando importância à Trindade; portanto, o Filho e o Espírito Santo não contam para os unitarianos; Igrejas unitarianas são comuns na Inglaterra e Estados Unidos), porque sua devoção era dirigida unicamente ao Deus pai. Ela desconsiderava a Jesus, como Deus, o mesmo com o Espírito Santo. Isto poderia ser um resquício da experiência deísta de seu pai, que a influenciara. Von Hügel dedicou-se, então, a trabalhar com ela os mistérios da fé cristã, de um modo equilibrado entre o espiritual e o racional. Ele percebeu que, para Evelyn, apesar da sua tendência mística, o convencimento racional era um meio importante para a sua decisão final. E,para surpresa sua, quando ela se decide, como já foi dito, a decisão foi para aquilo que ela havia rejeitado, antes: o Anglicanismo. O fato é que não foi somente para agradar a Hubert que fez essa opção, mas sim porque, com a continuidade de sua vida intelectual, literária, da manutenção de vários círculos de amizades de várias linhas religiosas, finalmente, Evelyn vai se encontrar com anglicanos eruditos, que lhe dão uma nova perspectiva sobre a Igreja que, no fundo, ela não conhecia. Suas impressões anteriores eram superficiais. Assim, o trabalho de conscientização cristã plena do barão, mais a convivência com uma liderança anglicana esclarecida deu o toque para o processo final da busca de Evelyn.O interessante é que ela nunca desistiu de suas aspirações mais íntimas, e nunca abandonou, também, o desejo místico.
No momento em que sua fama começa a espalhar ainda mais, ela deixa de ser conhecida apenas como Mrs. Moore. Seu nome, Evelyn Underhill passa a ser usado em todas as circunstâncias profissionais de sua vida. Era chamada de Mrs. Moore somente no ambiente doméstico.
A partir daí, Evelyn descobre o mundo, ou o mundo anglo-saxão e europeu a descobre. Ela foi a primeira mulher a ser convidada para dar palestras na rígida e tradicional Universidade de Oxford, para o seu Corpo Docente. Também, foi a primeira mulher a falar à Câmara dos Bispos da Igreja da Inglaterra.Com isso, abriu caminhos com seu carinho, sua feminilidade, sua seriedade e competência, para o reconhecimento da potencialidade de outras mulheres. E se tornou reconhecida e com aprovação unânime.
Sua missão, como cristã, não se esgotou aí. Na vivência do “Adorar e Servir”, Evelyn praticava esse binômio, principalmente proporcionando e dirigindo retiros espirituais, para grupos ou para pessoas, individualmente. Pessoas de grande espiritualidade a acompanhavam nesses eventos. Mas a pedagogia de Evelyn era a da simplicidade e da comunicação fácil. Com isso,ela se tornava acessível às pessoas. Evelyn foi envolvida, pela Igreja, no processo de revisão do Livro de Oração Comum, em 1927. Ela orou muito para que a revisão se processasse, fosse aprovada pelo parlamento, e o papel dos leigos ampliado na Igreja da Inglaterra. Mas isto não aconteceu.( A Igreja da Inglaterra é ligada ao Estado e qualquer alteração canônica geral, doutrinária ou litúrgica tem que ser aprovada pelo Parlamento Inglês). Evelyn,entristecida, no entanto sentiu que suas forças espirituais se revigoravam. Parece que chegara à conclusão de que estava na Igreja da Inglaterra porque Deus tinha uma missão para ela, nesta Igreja, mesmo sendo mulher, e não agradando a alguns bispos conservadores e, até, líderes parlamentares. Seu esposo estava sempre junto, nas horas mais difíceis, amparando-a e animando-a com seu amor. Evelyn e Herbert sempre foram uma casal extremamente apaixonado um pelo outro, e o tempo não diminuiu esse amor, mas não tiveram filhos.
Não havia, na Inglaterra, lugar mais querido por Evelyn, do que Plesheys. Lá ela organizara um centro de retiros e, também, de devoção particular, para ela e outras pessoas. Num desses eventos, ela refletira sobre a atração que a Igreja Católica Romana tinha para os que desejavam a espiritualidade mística. E se perguntava: por que isto acontecia? Depois de muito meditar, descobriu que esta pergunta não era necessária de ser respondida por ela, porque estava onde Deus a tinha colocado, para a sua missão. O “Acolher e Servir” era essencial, para ela, como complementação do “Adorar”.E sua missão alçava vôos maiores: começou, na BBC de Londres, programas de rádio intitulados “A Vida Espiritual!”, que depois, foram editados.
O ano de 1938 viu-a ser indicada para receber o título de Doutora em Divindade, ou Doutora em Teologia “honoris causa”, da Universidade de Aberdeen (Escócia), título que não recebeu pessoalmente, embora a Universidade houvesse adiado por um ano a entrega pessoal. Sua saúde já estava delicada, pois adquirira asma. A honra acadêmica foi, então, enviada a ela.
Um de seus amigos mais significativos foi o escritor C.S.Lewis. Os dois mantiveram correspondência importante.Outro amigo seu foi T.S.Eliot que a visitou durante a guerra, quando já estava no fim de sua vida.
Em 1940, ela escreveu seu importante livro “Abba”, tendo como base o Livro de Oração Comum. A primeira tiragem foi de 1500 livros, logo vendidos, e a segunda, a seguir, de 5000. O período de guerra, que trouxera dificuldades financeiras aos Moore,viu a extraordinária vendagem dessa obra, baseada em retiros que ela fizera em 1935, mas que, em 1939, ano que começou a Segunda Guerra, foi ampliado com interpretações pessoais sobre seus mais íntimos místicos.
Ela viveu o período das 2 Guerras Mundiais, na primeira, trabalhando como voluntária na logística, na segunda (em parte dela), como ativista ativa e pacifista, além de possuir um devotado espírito ecumênico... Neste trabalho pela paz, seu grande líder foi o Arcebispo de Cantuária, William Temple. Infelizmente, Evelyn veio a falecer no dia 15 de junho de 1941, na idade de 65 anos. Sua vida foi cheia, plena e abençoada . Ela e o Arcebispo faleceram com pequena diferença de tempo, entre um e outro. A Igreja da Inglaterra,no auge da Segunda Guerra, perdia dois de seus mais brilhantes filhos.
Em sua vida, Evelyn escreveu muitos livros, com vários temas. Temos alguns deles em nosso Seminário, em Porto Alegre. O problema para nós, brasileiros/as, é que eles não estão traduzidos para nossa língua. Ela abordou vários temas em suas obras, desde poesias juvenis até livros de profunda espiritualidade.
Obras de Evelyn Underhill (conforme a Wikipedia-Google; a maioria dos títulos foram traduzidos por mim; alguns não o foram, porque uma tradução mais literal ou livre poderia não corresponder ao conceito pleno do termo, no sentido em que foi empregado - N da A.)


POESIA:


“The First Lamb´s Ballad Book” (1902).
“Imanência” (1916).
“Teofanias” (1916).
ROMANCES (Novels):
“O Mundo Cinzento” (1904).
“O Último Mundo” (1907).
“A Coluna de Poeira” (1909).


RELIGIÃO (Não ficção):


“Misticismo”: Um estudo sobre a natureza e desenvolvimento da consciência espiritual do Homem (1911) – sua obra mais conhecida (N.da A.).
“O caminho da Eterna Sabedoria – Um comentário místico sobre o Caminho da Cruz” (1912).
“Introdução” de sua edição da obra anônima “The Cloud of Unknowing”, de um manuscrito encontrado no Museu Britânico (1912).
“The Spiral Way” ( uma meditação sobre os 15 mistérios para o crescimento da alma)(1912).
“O Caminho Místico . Um estudo psicológico das origens cristãs.” (1914).
“Misticismo Prático . Um pequeno Livro para pessoas comuns.” (1914).
“Ruysbroeck” (1915).
“Introdução à canção de Kabir”, traduzida por Rabindranath Tagore. (1915). (Tagore era um famoso escritor indiano que se tornou grande amigo de Evelyn, daí o fato dela ter feito uma introdução para a tradução que o poeta indiano havia feito daquela obra, para o inglês – N. da A.)
“O essencial do Misticismo e outros ensaios”. (1920)
“A vida do Espírito e a vida de hoje”. (1920)
“Os Místicos da Igreja”. (1924)
“Concerning the Inner Life.” (1927)
“O Homem e o Sobrenatural “.Um estudo do teísmo. (1927).
“A Casa da Alma” (1929).
A Luz de Cristo. (1932).
The golden sequence. A furfold study of the spiritual life.(1935).
A Escola de caridade. Medityações sobre o Credo Cristão. (1934).
Adoração. (1936).
A vida espiritual. (1936).
O mistério do sacrifício. Um estudo sobre liturgia. (1938).
ABBA. Uma meditação sobre o Pai Nosso (1940).
Cartas de Evelyn Underhill. (1943) (publicadas após sua morte. N da A. ).
Santuários e cidades da França e Itália. (i949). (idem)
Fragmentos de uma vida interior. Cadernos de Evelyn Underhill. (1933). (Não tenho certeza desta data de edição; poderia muito bem ter sido editada em 1943, 2 anos após sua morte – mas foi citado como está na fonte. N da A.).


ANTOLOGIAS: (obras compiladas e editadas após sua morte. N da A.)


Frutos do Espírito. (1942).
Textos selecionados escritos por Evelyn Underhill. (1946).
A Quaresma com Evelyn Underhill . (1964).
Uma Antologia sobre o Amor de Deus. (dos escritos de Evelyn Underhill). (1976).
Os Meios do Espírito. (1990).
Evelyn Underhill -Guia moderno sobre a velha questão do Sagrado. (1998).
Evelyn Underhill.Textos essenciais. (2003).
Radiances. A spiritual Memoir. (2004).

Estudos e comentários de outros autores:


CROPPER, Margaret – A vikda de Evelyn Underhill (1875-1941). Uma introdução a sua vida e seus escritos. (1976)
CALLAHAN, Annie – Evelyn Underhill. Espiritualidade para a vida diária.(1997)
GREENE, Dana – Evelyn Underhill. Artista da vida infinita. (1998)

Links externos:


The Evelyn Underhill Association – Wikipédia, Google.
Christian Classics Etherial Library
Works of Evelyn Underhill – Project Gutenberg

Desde o ano de 2000, a Igreja da Inglaterra passou a reservar uma data especial para a lembrança de sua memória: 15 de junho. Ela também é lembrada no Calendário da Igreja Episcopal Americana, na mesma ocasião.
É uma feliz concidência que, em 15 de junho de 1903, começasse o processo da Educação Teológica na nossa Igreja, na cidade de Rio Grande. Por isso, Evelyn foi escolhida como madrinha espiritual do SETEK. Se a Comunhão Anglicana tivesse o hábito de beatificar pessoas, certamente Evelyn Underhill seria uma delas.


Referência Bibliográficas:
COOPPER, Margaret. EVELYN UNDERHILL . London, New York, Toronto . Longmans, Green and Co, 1958.
SCHLESINGER e PORTO – DICIONÁRIO BÍBLICO DAS RELIGIÕES – Petrópolis,Vozes

SETEK, 15 de junho de 2010.

03 novembro 2010

PALESTRA NO ENCONTRO DE FORMAÇÃO DO SERVIÇO ANGLICANO DE DIACONIA E DESENVOLIVMENTO


Bases bíblico-teológicas para a ação diaconal da Igreja na sociedade
Revdo. Dr. Humberto Maiztegui Gonçalves
Reitor do Seminário Dom Egmont Machado Krischke (SETEK)


1. DIANCONIA: Deus toma a iniciativa!

Toda a revelação bíblica mostra Deus agindo ANTES, tomando a iniciativa! No 1º Relato da Criação (Gn 1:1-2:4a) do CAOS do NÃO-VIDA a ação CRIADORA DE DEUS gera a VIDA e ADMIRA SUA OBRA, dizendo que: “era bom”. Deus admira e indica que o sentido da vida é “bom” (tov). Este primeiro relato finaliza como o DESCANSO ou SHABAT que, no contexto do Exílio Babilônico em que este relato foi gerado, consagra o direito DE TODAS AS PESSOAS A ADMIRAR E DESFRUTAR DO FRUTO CRIATIVO E PRODUTIVO DO TRABALHO.

A AÇÃO DIACONAL DE DEUS BUSCA:

1. GERAR VIDA DIANTE DO CAOS NÃO VIDA, PROMOVENDO O QUE É BOM!


2. GARANTIR O DIREITO HUMANO A DESFRUTAR DO RESULTADO DO TRABALHO DE DEUS (CRIAÇÃO) E DO TRABALHO HUMANO (PRODUÇÃO CO-CRIATIVA).

No segundo relato da CRIAÇÃO (2:4b-3:24) a ação DIACONAL envolve o FATOR HUMANO como CONDIÇÃO PARA A GERAÇÃO DE VIDA! Este relato foi gerado por pessoas que viviam no deserto ou nas proximidades que dependiam de um pouco de Terra Fértil (em hebraico adamáh) para sobreviver. Da palavra para “terra fértil” surge a palavra Adam ou “ser humano” (assim como no latim humus e humano). Dentro desta relação O SER HUMANO que deve CULTIVAR A TERRA, libertando seu potencial GERADOR DE VIDA. Junto com o fator humano há um FATOR NATURAL que é a ÁGUA através da qual se vincula a TERRA ao SER HUMANO! Veja que o próprio Humano é feito de terra e água! O Paraíso ou Édem era um lugar de onde estas famílias foram excluídas. O relato tenta explicar por que elas não podem, e não devem; retornar para lá. De um lado temos a CRIAÇÃO como TRABALHO CO-CRIATIVO ao e do outro o Éden como BEM RECEBIDO sem TRABALHO! O Éden que reúne os rios de todos os impérios conhecidos na época (Egito – Nilo, Mesopotâmica – Tigre e Eufrates, Sabá ou Etiópia – Guihón). Este é o PRIMEIRO CONFLITO DESTE RELATO: Projeto Participativo/Co-criativo XProjeto do Dependente/Consumista.
Representando o perigo CONSUMISTA está a SERPENTE símbolo do poder dos REIS DO EGITO! No desfecho, apesar das conseqüências dolorosas do CONFLITO (sofrimento, dores de parte, dificuldades do trabalho) se ANUNCIA A DESTRUIÇÃO DA SERPENTE pela MULHER que recebe o título de MÃE DE TODOS OS SERES VIVOS (3:24).


2. Êxodo: iniciativa de Deus no serviço como libertação!

A ação de DEUS independe da vontade humana. O Senhor Javé NÃO É CHAMADO pelo povo ou por algum representante à INTERVIR NA SITUAÇÃO DE OPRESSÃO, SOFRIMENTO e ESCRAVIZAÇÃO NO EGITO! Deus age porque OUVE O CLAMOR (Êx 3:7-9; 6:5). Da mesma forma é Deus que, sensível as situações de miséria, indignidade, abandono, injustiça, discriminação e exclusão sai na nossa frente e NOS CHAMA PARA O EXERCÍCIO DA DIACONIA. Como fez?

a. DEUS PROPÕE O PROJETO que gera UM NOVO POVO em UMA NOVA TERRA onde são oferecidas CONDIÇÕES PARA VIVER BEM (Êx 3:8 e 6:6-9). Deste ponto de vista trata-se de UM PROJETO DE DESENVOLVIMENTO e QUALIDADE DE VIDA.
Deus chama servos/servas para serem AGENTES DO PROCESSO LIBERTADOR DO POVO.
c. DEUS PROPÕE A METODOLOGIA DO DIÁLOGO EVIDENCIANDO O SEU CARÁTER LIBERTADOR E SUA PRESENÇA JUNTO AO SEU POVO (Nome: “TÔ QUE TÔ”) SENDO QUE o PROJETO LIBERTADOR PARA TODOS (incluindo os próprios AGENTES).


O PROJETO SE CONSTRÓI ATRAVÉS DE REIVINDICAÇÕES DE LIBERTAÇÃO (não apresentando todo o projeto ao opressor, mas apenas o ESSENCIAL para TEREM CONDIÇÕES DE MÍNIMAS DE CONTRUÇÃO DE ALTERNATIVAS AO SISTEMA QUE OS OPRIMIA).
Inclui um PROCESSO DE CONSCIENTIZAÇÃO, ORAGANIZAÇÃO e PARTICIPAÇÃO NO PROJETO LIBERTADOR (Pragas/Páscoa – Êx 7 a 14).
Leva à CELEBRAR A VITÓRIA E CONTINUAR O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO PROJETO DE FORMA AUTÔNOMA, mesmo que no DESERTO com novos desafios e dificuldades (Êx 15-19).

Não se faz DIACONIA sem PROJETO, mesmo que este não esteja totalmente escrito, mas é necessário saber o que ser quer quando se participa da ação diaconal libertadora e transformadora. Muitas vezes queremos ajudar pessoas apenas para CUMPRIR COM A LEI DE AMAR AO PRÓXIMO, mas aqui se trata também de AMAR A DEUS e buscar a realização da SUA VONTADE AMOROSA na HISTÓRIA.
Sendo assim, antes de pensar o que nos queremos fazer, como ação diaconal, devemos perguntar o que Deus quer ou para o que Deus está nos chamando. Certamente Moisés, Arão e Míriam levaram um susto com a tarefa proposta por Deus. Moisés diversas vezes questionou Deus (principalmente nos momentos de crise, como em Êx 17:4:

E clamou Moisés ao SENHOR, dizendo: Que farei a este povo? Daqui a pouco me apedrejará.


3. JESUS: A NOVA INICIATIVA DE VIDA E DIGNIDADE PARA TODAS AS PESSOAS.

Jesus apresenta sua ENCARNAÇÃO, seu MINISTÉRIO e sua DOAÇÃO em favor da VIDA como um PROCESSO DIACONAL, isto é, de SERVIÇO!
Bem como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos.(Mt 20:28; Mc 10:45)

Jesus é o exemplo supremo de diaconia como doação e plena generosidade. Ele não se doou em favor da humanidade por causa de qualquer coisa que tenhamos feito para “merecer” isso, ou porque estivesse em dívida conosco. Jesus exerce a diaconia por puro amor (João 3:16). Da mesma forma nossa ação diaconal é feita como AGRADECIMENTO pelo que DEUS EM CRISTO JÁ FEZ POR NÓS! A gratidão não a conseqüência da ação diaconal (ajudando outras pessoas na expectativa de que nos agradeçam), mas é A CAUSA da ação diaconal porque a realizamos, e nos doamos, em sinal de agradecimento pelo Deus já fez por nós e continua a fazer. Da mesma forma as pessoas que hoje são alvo de nossa ação são chamadas a expressarem seu agradecimento em ações diaconais para outras pessoas.

Jesus se coloca como SERVO dentro de um PROJETO RE-CRIADOR e LIBERTADOR (Lc 4:18-21). Este PROJETO RESGATA DE FORMA INCLUSIVA pessoas EXCLUÍDAS DE TODAS AS FORMAS E AS CAPACITA COMO AGENTES DE TRANSFORMAÇÃO (Mt 11:1-6; Lc 7:22).


4. A VIDA COMUNITÁRIA como expressão suprema da ação diaconal!




  1. A questão da solidariedade para com as pessoas necessitadas motivou a ordenação dos primeiros diáconos em Jerusalém (Atos 6:1-6). O ministério para o qual estas 7 pessoas são escolhidas é “servir as mesas” (diaconia). A discussão se deu pela necessidade do serviço não discriminatório das viúvas de origem hebréia e de origem grega.

    O ministério diaconal se desenvolveu espontaneamente entre as mulheres como Febe (Rm 16:1). Mencionadas na Carta a Timóteo quando se regula o ministério diaconal (3:11) apesar de trocarem “as mulheres” por “as esposas”. Portanto, é o mais igualitários de todos os ministérios, não porque envolva serviço, no lugar de poder, mas porque envolver O PODER DE SERVIR.

    O apóstolo Paulo marcou boa parte do seu ministério pela ação solidária em favor das comunidades de Jerusalém (2 Coríntios 8-9). Onde elogia comunidades que, mesmo pobres, foram generosas (2 Cor 8:2); falando de “serviço” que “supre as necessidades” (8:4 e 9:12), isto é, “diaconias”.

    Na Primeira Carta de João a motivação é ainda mais radical! Lá se fala na “diaconia”, como maior expressão do Amor por Deus! (1 João 3:17), mesmo que use apenas a palavra “amor” e não “serviço”, algo semelhante ao dito pelo apóstolo Paulo em 1 Cor 13:3.


    5. Diaconia e Vida Eclesial na atualidade

    Kjell Nordstokke, afirma: “Não pode se imaginar uma práctica diaconal que não esteja enraizada na vivencia comunitária (...) essa ligação fundamental coma a vida comunitária implica em um questionamento radical da compreensão, bastante comum em nosso meio, que identifica a diaconia com projetos de desenvolvimento ou com instituições sociais sem uma mínima ligação com a comunidade local”.
    O mesmo autor aponta, por outro lado, para a importância das Instituições de Serviço mantidas pela Igreja, especialmente em projetos que exigem uma atuação mais ampla e que não podem ser inteiramente realizados pelas comunidades locais, exigindo um acompanhamento profissional especializado.
    (Teologia Prática no Contexto da América Latina. São Paulo/São Leopolodo: ASTE/Sinodal,1998; p. 277).
    Há Igrejas que tendem a canalizar sua ação diaconal através de entidades (ONGs, associações, fundações, etc.) com forte financiamento governamental ou através de projetos externos (cada vez menos), que funcionam de forma autônoma em relação à sua dinâmica eclesial e comunitária. Esta uma realidade que foi bem evidente na Diocese Anglicana do Uruguai. Por um lado isso, em um primeiro momento ofereceu um forte sustento institucional à Igreja, mas afastou, durante um bom período, a reflexão teológica e ação pastoral da ação diaconal e social.
    No Brasil essa não é nossa realidade, pelo contrário, deveríamos estudar mais e melhor como participar de projetos governamentais ou através de ONGs. Por outro lado, na medida em que isso venha acontecer devemos cuidar para manter uma ligação forte e clara com a vida eclesial.
    Outra questão, que muitas vezes passa por alto, é a importância da ação diaconal para ação político-pastoral da Igreja! Quando a Igreja é chamada a se manifestar em relação as grandes questões sociais, sobre políticas públicas, sobre realidade econômica, etc. Os projetos sociais deveriam ter um papel fundamental de assessoria aos Bispos/as Diocesanos/as e aos organismos provinciais, de forma de falar de uma realidade com a qual estamos, também, comprometidos/as como Igreja. Lembrem que dentro do ministério diaconal está o mandato de “traduzir para a Igreja as necessidades do mundo” (e este ministério não se limita apenas às pessoas ordenadas, mas a toda a ação diaconal da Igreja).

    6. Ação diaconal e Ação Ecumênica


    “A práxis diaconal tem sido um dos principais pilares do movimento ecumênico desde seus primórdios. Isso fica evidente no fato de que a igreja, em sua natureza, é ecumênica, um corpo cujos membros (igrejas locais) estão espalhados em todo o mundo habitado, e, ao mesmo tempo, é diaconal, no sentido de que os membros estão organicamente comprometidos com o cuidado mútuo”
    (Dr. Kjell Nordstokke. Diaconia . uma perspectiva ecumênica e global. Estudos Teológicos, v. 45, n. 1, p. 5-20, 2005, disponível em: http://www3.est.edu.br/publicacoes/estudos_teologicos/vol4501_2005/et2005-1a_knordstokke.pdf).

    Para o CONSELHO MUNDIAL DE IGREJAS: “O termo ‘diaconia’ se refere ao serviço como uma atividade permanente da igreja ao longo da história. A diaconia é essencial e fundamental para a vida na fé. É impossível imaginar a própria existência de uma comunhão de igrejas sem serviço compassivo e solidariedade para todos, com base no amor de Deus. Com o passar dos anos,o conceito de diaconia se expandiu, deixando de ser visto apenas como um serviço de compaixão para incluir o trabalho visando à mudança nas relações e estruturas sociais” (disponível em: http://wcc-coe.org/wcc/what/regional/index-e.html).

    A diaconia é essencialmente ecumênica. A ligação entre diaconia e ecumenismo é tão profunda que praticamente podemos dizer que quando esta relação não aparece o sentido da diaconia desaparece. Quanto mais Outro/a é a pessoa que servimos (lembrando da Parábola do Bom Samaritano – Lc 10:29-37) mais profundo é o sentido do serviço amoroso. Isso não quer dizer que não devamos “servir” as pessoas de nossa própria comunidade (cf. Gl 5:13). Mas, o diaconia nos leva sempre na descoberta da outra pessoa, da outra necessidade, da outra realidade, da outra possibilidade.

    7. DEZ PASSOS DO PROCESSO DIACONAL.


    1. Dialogar com AS PESSOAS, apresentando o PROJETO LIBERTADOR PARA TODOS (incluindo os próprios AGENTES).


  2. ECOAR AS REIVINDICAÇÕES DE LIBERTAÇÃO BUSCANDO AS CONDIÇÕES DE MÍNIMAS DE CONTRUÇÃO DE ALTERNATIVAS AO SISTEMA OPRESSOR.


  3. A CONSCIENTIZAÇÃO, ORAGANIZAÇÃO e PARTICIPAÇÃO DE TODAS AS PESSOAS ENVOLVIDAS NO PROJETO LIBERTADOR .


  4. CELEBRAR A VITÓRIA E CONTINUIDADE SUTENTÁEL DA CONSTRUÇÃO DO PROJETO DE FORMA AUTÔNOMA ENFRENTANDO JUNTOS/JUNTAS AS DIFICULDADES.


  5. RESGATAR DE FORMA INCLUSIVA PESSOAS EXCLUÍDAS DE TODAS AS FORMAS E AS CAPACITAR COMO AGENTES DE TRANSFORMAÇÃO.


  6. DESMARCARAR OS FALSOS VALORES DA SOCIEDADE DOMINANTE.


  7. SERMOS PESSOAS CO-CONSTRUTORAS/CO-CRIADORAS DA VIDA.


  8. O SERVIÇO AMOROSO CANALIZANDO SABERES ESPECIALIZADOS E DONS, EM COMUNIDADE, COMO INSTRUMENTOS DE DEUS NA TRANSFORMAÇÃO DAS ESTRUTURAS INJUSTAS DA SOCIEADE E A DEFESA DA INTEGRIDADE DA CRIAÇÃO.


  9. A AÇÃO ECUMÊNICA E INTERRELIGIOSA BUSANDO UNIR FORÇÃS EM PROL DA JUSTIÇA, DA PAZ E DA INTEGRIDADE DA CRIAÇÃO A PARTIR DAS NECESSIDADES DAS PESSOAS E DA URGÊNCIA DA TRANSFORMAÇÃO DA SOCIEADADE.


  10. GERAR VIDA DIANTE DO CAOS NÃO-VIDA, PROMOVENDO O QUE É BOM, JUSTO E AGRADÁVEL A DEUS!

PALESTRA "O SONHO NA PSICANÁLISE" - ABERTA AO PÚBLICO


Dentro da programação da JORNADA PSICOANALÍTICA: SONHO NA PSICANÁLISE, que terá lugar no SETEK/Sede Provincial da IEAB (locado pela Sociedade Psicanalítica Ortodoxa do Brasil; SPOB-POLO-RS). Estão sendo oferecidadas com ENTRADA FRANCA, para todas as pessoas interessadas, as seguintes palestras:

DIA 05 DE NOVEMBRO DE 2010

18h30min - NEUROFISILOGIA DOS SONHOS.

Palestrante: Dr. Jorge Cúria Filho.


20h30min - INTRODUÇÃO DOS SONHOS NA PISCANÁLISE.

Palestrante: Dr. Castilho S. Sanhudo.


Término 22h.


Por mais informações sobre o curso completo ligar para: 51.30247559 e 84497408 (Dr. Castilho).

ou 33743575 e 98244994 (Dra. Rita).
Nosso endereço: Av. Ludolfo Bohel, 276 - Teresópolis - Porto Alegre RS
Fone do SETEK: 51.33186122 - MATRÍCULAS ABERTAS PARA OS CURSOS 2011.