27 junho 2009

29 de Junho - São Pedro e São Paulo, Apóstolos e Mártires

São Pedro costuma ser chamado Príncipe dos Apóstolos devido as palavras que o re-nomearam, passando de Simão à Cefas. Esta é forma aramaica da palavra grega para rocha. Jesus afirmou que sobre esta rocha edificaria a Igreja. Pedro e Paulo passaram a ser vistos como tendo papéis diversos na liderança da Igreja: Pedro testemunhou o senhorio de Cristo e Paulo elaborou uma compreensão para os seguidores do Caminho. Pedro e Paulo são lembrados nesta data desde os primeiros dias da Igreja. É um tempo em que rezamos o aniversário do martírio de ambos em Roma, no ano de 64.


“Onipotente Deus, cujos benditos Apóstolos Pedro e Paulo te glorificaram pelo seu martírio; concede que a tua Igreja, instruída pelo seu testemunho e ensinamento, e unida pelo teu Espírito, permaneça sempre firme num só fundamento, o qual é Jesus Cristo, nosso senhor, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.”

28 de Junho de 2009 • Trindade III

Leituras do Domingo
Livro de Sabedoria 1.13-15, 2.23-24.
II Coríntios 8.7,9, 13-15.
São Marcos 5.21-43
Deus Conosco

“O Evangelho diz que o Reino de Deus está, antes de tudo, dentro de nós mesmos. Se não o podemos encontrar dentro de nós, não discerniremos Deus em nós, no fundo de nós mesmos, e a chance de achá-lo exteriormente será remota. Quando o astronauta russo afirmou que não vira Deus nos céus, um de nossos sacerdotes em Moscou observou, - Se você não O viu aqui na terra, jamais O veria também no céu. Isto é verdade sobre o que refiro aqui. Se não descobrimos um vínculo com Deus, digamos, como sob a nossa própria pele, teremos poucas chances de vê-lo face a face. São João Crisóstomo dizia, - Ache a porta de seu próprio coração e você descobrirá que é a porta também do Reino de Deus. É então para dentro que devemos voltar-nos – e não para fora. Mas, para dentro, de uma forma muito especial. Não afirmo que devamos tornar-nos introspectivos. Também não significo que devamos fazê-lo como na psicanálise ou na psicologia. Não se trata de uma jornada para dentro de meu interior mas de uma jornada através de meu próprio eu, com o propósito de emergir do mais fundo de mim ao lugar onde Ele está, no ponto em que Deus e eu nos encontramos.”

Metropolita Anthony de Sourozh, Creative Prayer, Seleção de Hugh Wybrew,
Darton, Longman and Todd, Londres – 1987

28 de Junho – Santo Irineu, Mártir e Bispo de Lion

Santo Irineu nasceu em Esmirna, no ano 130. Quando menino conheceu São Policarpo. Policarpo, por sua vez, foi discípulo do Apóstolo São João. Santo Irineu é assim uma das conexões vitais entre a Igreja apostólica e o segundo século. Estudou em Roma e mais tarde foi ordenado sacerdote em Lion, na França, sucedendo o bispo local, martirizado em 177. Lutou muito contra as convicções mitológicas e não históricas dos Gnósticos, enfatizando sempre a humanidade plena do Verbo feito carne, Jesus. Afirmou o papel público de ensino do episcopado no sentido de combater as doutrinas falsas. Irineu é honrado como o primeiro grande teólogo católico, erguendo-se acima das tradições do Oriente e do Ocidente. Foi martirizado no ano 200.

“Deus da paz, que através do ministério de teu servo Irineu, fortaleceste a fé verdadeira trazendo harmonia à Tua Igreja: preserva-nos fiéis na verdadeira fé, renovando em nós a fé e o amor, para que caminhemos sempre na vereda que leva à vida eterna; por Jesus Cristo teu Filho nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Santo Espírito. Amém.”

20 junho 2009

21 de Junho de 2009 • Trindade II

Adoração Verdadeira


“A Adoração, para mim, significa uma relação. Eu não era crente mas um dia descobri Deus e imediatamente Ele me pareceu ser o valor supremo e o sentido total da vida e, ao mesmo tempo, uma pessoa. Creio que a adoração nada pode significar para alguém que não tenha um objeto de adoração. Não se pode ensinar adoração a alguém que não tenha ainda tido o sentido do Deus vivo; pode-se até ensinar a viver como se fosse crente mas não será uma atitude espontânea, significando adoração verdadeira. Assim, o que eu gostaria mesmo de comunicar é minha certeza na realidade pessoal do Deus com quem podemos nos relacionar. Peço que tratemos a Deus como nosso próximo, como alguém, e valorizemos este conhecimento nos mesmos termos em que valorizamos a relação com um irmão ou amigo. Isso, creio, é essencial. Uma das razões pela qual a adoração comunitária ou privada parece ser tão morta ou rotineira está no fato de que o ato de adoração, que deve ocorrer no coração e na comunhão com Deus, muitas vezes está ausente. A expressão, verbal ou em ação, pode ajudar, mas é só expressão do que é essencial, a saber, o silêncio profundo de comunhão.”
Creative Prayer,
Metropolita Anthony de Sourouzh

O Cristão Ortodoxo,
Metropolita Anthony de Sourouzh
O Metropolita Anthony nasceu na Suíça em 19 de Junho de 1914 onde seu pai servia como membro do Corpo Diplomático do Império Russo. Ele e a família sofreram as turbulências da Revolução Russa de 1917, foram obrigados a viver na Pérsia, mais tarde na França e Áustria. Formou-se em física, química e biologia na Faculdade de Ciências da Sorbonne. Depois disso estudou medicina e em 1939 já era médico. Em meio às tribulações da época e da vida de seu povo, chegou a cogitar do suicídio, uma vez que não descobria sentido na vida. Contrariado, convidado por um sacerdote que seria o palestrante, foi a um encontro de jovens russos. Estava decidido a não prestar atenção alguma ao que ouvisse. Aí, sentiu-se indignado com a visão de Cristo e do cristianismo, considerando-as repulsivas. De qualquer forma, ao retornar para casa, decidiu tomar um dos Evangelhos para conferir a “estória” que o sacerdote referira. Para não perder muito tempo, escolheu o Evangelho mais curto, o de São Marcos. Ao chegar ao terceiro capítulo, ele mesmo conta: “... de repente senti que, do outro lado de minha mesa havia uma presença. A certeza foi tão forte de que era o Cristo mesmo ali, que ela jamais me deixou...” E conclui... “Não descobri, como se pode ver, o Evangelho, começando com sua primeira mensagem da anunciação... mas como um evento que deixou para trás todas as dificuldades da descrença... porque foi uma experiência direta e pessoal. Após servir como médico no Exército Francês durante a II Grande Guerra, em 1943, secretamente fez os votos monásticos da estabilidade, pobreza, castidade e obediência. Em 1948 foi ordenado sacerdote e em 1958 sagrado bispo, com responsabilidade sobre toda a Inglaterra e Irlanda. Recebeu ainda a jurisdição de Arcebispo em 1962, de Patriarca para a Europa Ocidental em 1963 e Metropolita em 1966. “Devemos estar preparados para descobrir que o passo último de nossa relação com Deus é um ato de pura adoração, face a face, mistério no qual não podemos penetrar.”

14 junho 2009

14 de Junho de 2009 • Trindade I


Evelyn Underhill, 15 de Junho e o Seminário em Porto Alegre


O dia 15 de Junho marca a data em que a Igreja Anglicana lembra Evelyn Underhill. Ela morreu no dia 15 de Junho de 1941. Sendo 15 de Junho também a data do “Aniversário do Seminário”, nós a adotamos como a Padroeira desta casa de formação teológica. Nasceu em 6 de Dezembro de 1875. Faleceu aos 65 anos de idade, casada, dona de casa, novelista, escritora e mística, foi pelo SETEK acolhida como fonte de inspiração. Autora anglo-católica, escritora e pacifista, ficou conhecida por seus inúmeros textos sobre a Fé Cristã, a experiência espiritual e o misticismo cristão. Dentre os textos mais conhecidos, Misticismo e também Adoração constituem um legado que permanece como sua visão de Deus. Condutora de retiros e diretora espiritual de grande sabedoria, Evelyn influenciou nomes como C. S. Lewis, celebre escritor leigo anglicano, e o próprio mundialmente conhecido escritor e teatrólogo T. S. Eliot. O mistério da fé, esta talvez possa ser a expressão mais resumida de toda a sua visão e vocação. Em seu texto, A Vida Espiritual, escreveu: “A maioria dos nossos conflitos e dificuldades resulta de se tentar lidar com os aspectos práticos e espirituais da vida como que separadamente, em lugar de percebê-los como um todo. Se nossa vida prática está centrada em nossos próprios interesses, enrolados pelas posses, distraídos pelas ambições, paixões, desejos e ansiedades, submersos pelo sentido de nossos próprios direitos e importância, aflições por nosso próprio futuro ou inquietação por sucesso, não devemos esperar que nossa vida espiritual seja um contraste em relação a tudo isto. A morada da alma não está construída em um plano assim tão conveniente: dispomos de poucos compartimentos à prova de som. É somente quando a convicção – não meramente a idéia – de que o chamamento do Espírito, mesmo que inconveniente, vem primeiro e SEJA o primeiro, e governe tudo isso, é que tais ruídos objetáveis morrerão, e acessaremos o pequeno oratório interior bem decorado, permitindo que aflorem as vozes mais quietas. É que a vida espiritual é simplesmente uma vida em que tudo o que fazemos vem do centro, aí onde estamos ancorados em Deus: uma vida mais e mais embebida pelo senso de Sua realidade e chamado, como ofertório ao grande movimento da Sua vontade.” The Spiritual Life, Harper & Row, 1936, página 37

07 junho 2009

7 de Junho de 2009 • Domingo da Santíssima Trindade


O Deus Triuno


Nunca duvidemos! Pertencemos a Deus. O Santo Espírito do Ressuscitado nos inspira e chama para Deus. Ele conduz na direção do Pai a despeito da inércia, da rejeição ou da indiferença. Aquele que nos criou também indelevelmente nos marcou e acompanha ao longo da vida toda. Em nossos dias, como no passado, sabemos dos horrores da sociedade humana. Os campos de refugiados, na África por exemplo, são nossos contemporâneos. Os brasileiros “refugiados” por perderem o pouco de que dispunham, pelas chuvas ou pelos açudes “oficialmente autorizados” e “certificados”, todos eles são rostos que vemos cada dia pelos tele-jornais, esmagados com sofrimento maior que o imaginável. Por outro lado, dentro de nós, sem importar as “circunstâncias”, somos também, em parte, pessoas com um refugiado desconhecido . Até que nossa plena maturidade como filhos de Deus se enraíze em nós, o espelho de cada dia pode até nos provocar: - Quem és tu no dia de hoje? - Quando nos sentimos particularmente fracassados por algum episódio da vida de trabalho – ou quando nos deixamos trair, por uma compra desnecessária ou inoportuna, por exemplo, aí somos essencialmente refugiados – fugindo do Santo Espírito que nos chama à segurança, sabedoria, realidade e identidade verdadeira. Todos somos desenraizados e frágeis. Lugar algum na terra poderá ser bom e “caseiro” enquanto não nos descobrimos em casa, seja na família do Deus Triuno, seja conosco mesmos. Atentos à voz do Ressuscitado, sempre no meio de nós e animando a Igreja, confiemos na verdade mais profunda de que a escuta e o chamamento são, ao mesmo tempo, a nossa vocação e felicidade. Tudo o que somos e fazemos brota da abundância do amor do Deus Trino. Nada, nada mesmo na terra pode dissipar a Verdade do abraço compassivo em nossas vidas. “Vem tu, eterno Deus, inspira aos que são teus o teu louvor. Grande e glorioso ser, Pai de todo o poder, vem sobre nós reger com teu amor.” Hino 102