27 abril 2008

Páscoa VI

Leituras
Atos dos Apóstolos 8.5-8, 14-17
Salmo 66.8-20
I Carta de São Pedro 3.15-18
Evangelho de São João 14.15-21

A Esperança Cristã

“A primeira esperança de todo cristão é a esperança do céu: a primeira, a mais próxima, e a mais relevante dentre todas as esperanças. Parece surpreendente?
Seria o céu uma possibilidade distante demais para o nosso pensamento? Não... os humanos existem para a relação mais íntima possível com Deus; uma relação de comunhão e, em verdade, de amizade misturada com assombro e dependência.
Dar glória a Deus, na expressão bíblica, é gozar esta comunhão, chegar a refletir o caráter mesmo de Deus em seu amor transbordante, tendo a Deus humildemente no centro, e não a nós. Aqui está o status verdadeiro do ser humano, sua verdadeira liberdade e sua verdadeira destinação.
Não tenhas medo de olhar para o céu, já que o céu é o sentido mesmo de nossa existência, criada na semelhança de Deus e para a comunhão com Ele.
A consideração pelo céu está longe de ser mero escapismo pietista , até porque a essência do céu é amor sem egoísmo, o mesmo amor capaz de nos orientar a sairmos, sem termos ainda nos alimentado, para ajudar uma família que não dispõe alimento algum.”

Deftera Parousia, Agios Panteleimon Kloster, Heraklion

A Sabedoria de Deus na Criação

“A sabedoria de Deus trabalha na vida criada toda, além de ser, não menos, a sustentação e inspiração do pensamento e dos esforços humanos.
A Igreja reverenciará, portanto, toda atividade honesta das mentes humanas; e perceberá que aí o Espírito de Deus se move, temendo somente negar, em palavra e ação, este movimento... pois assim blasfemará contra o Espírito de Deus.
A sabedoria não pode ser apreendida em toda a sua plenitude. A mente e os olhos dos homens estão deformados pelo pecado e pela auto-adoração; a sabedoria que o Espírito de Deus derrama sobre o mundo pode levar à cegueira e à decepção, a menos que os homens encarem o fato do pecado e a necessidade de redenção.”

Extratos de Gateway to God
Arcebispo Michael Ramsey
Editado por Lorna Kendall, Darton, Longman and Todd, Londres 1988

25 abril 2008

Jornada teológica na Diocese Sul-Ocidental contou com participação do CEA e do SETEK.

Nos dias 18 e 19 do corrente, no Centro Diocesano de Itaara, o Revdo. Dr. Carlos Calvani (CEA) e D. Luiz. O. P. Prado (SETEK) desenvolveram uma jornada de estudo sobre o conteúdo dos Credos. A foto mostra o grupo de participantes.

22 abril 2008

Clérigos do Canadá visitam o SETEK

Dois clérigos da Diocese de Ontario, Canadá, após visita à Companheira, Diocese Sul-Ocidental, encontram alunos residentes do SETEK para relato e troca de experiências. O encontro ocorreu na manhã da Terça-feira última, dia 22 de Abril.

20 abril 2008

Páscoa V

Leituras do Domingo

Atos dos Apóstolos 6.1-7
Salmo 35.1-5, 15-16
I Carta de São Pedro 2.4-9
Evangelho de São João 14.1-12

Álvaro Pires de Évora, Cristo Ressuscitado, c. 1430

A Igreja e o Mundo

A Igreja seguirá Cristo no continuado serviço das necessidades humanas, os pobres, os famintos, os enfermos, os despossuídos e os desenraizados, sem outra razão que não a de aproximar-se mais de Cristo, com a humildade que suprime qualquer arrogância ou sentido de posse.
A Igreja precisa desafiar as pressuposições do mundo, mostrando que a maior necessidade dos seres humanos é a de sermos trazidos todos, na humildade e arrependimento, ao amor e obediência de Deus.
Em meio ao seu envolvimento no serviço da comunidade, a Igreja manterá vivos, para seus próprios membros, e se esforçará por fazê-lo também aos outros, três imutáveis temas do Evangelho:
O primeiro é o da prioridade do Perdão Divino como a chave para a ética cristã. A comunidade cristã é a comunidade perdoada; este é substrato da sua relação com Deus e da humildade do seu serviço aos homens.
O segundo tema é o Céu. O Céu dá sentido à nossa existência de agora; ele define a infinita dignidade de todo homem, mulher e criança; o Céu provê a perspectiva pela qual vemos os problemas da vida.
O terceiro tema é o da Adoração. Deve ser uma adoração não alienada da vida do mundo mas colocada bem em seu centro, uma prática de adoração e contemplação em meio aos negócios do mundo.

O Cristo Ressuscitado, Fra Angélico

O Sacerdote Cristão Hoje

Escravos de Cristo e servos dos homens. Será que podemos recapturar a verdade e a beleza desta vocação?
Primeiro, o sacerdote é aquele que aprende teologia e a ensina. Seu estudo é sério e constante, não por erudição mas para sermos simples.
Enquanto ensina os leigos o que não conseguiriam saber sem a sua ajuda, ele deve, o tempo todo, deles aprender sobre as questões às quais a teologia é aplicada.
Em seguida, o sacerdote representa na vida da Igreja a dimensão da Divina Reconciliação. Ele se descobrirá como uma das muitas agências que ajudam as almas oprimidas e isto, com diversas habilidades e recursos. Mas em tudo, caberá a ele representar a quase sempre esquecida dimensão do perdão de Deus aos contritos.
Assim também, o sacerdote será, de forma muito especial, o Homem de Oração.
O trabalho de pastor é trabalho de oração com a sua própria intensidade de tristeza e alegria.
Finalmente, e de uma forma que resume tudo, o sacerdote é o Homem da Eucaristia.
Seu ofício representa uma dimensão muito mais que local, mais que contemporânea, que é o contexto verdadeiro do rito no Evangelho e na Igreja Católica.

Extratos de Gateway to God
Arcebispo Michael Ramsey
Editado por Lorna Kendall
Darton, Longman and Todd, Londres 1988

13 abril 2008

Páscoa IV

A Santa Tradição na Igreja Anglicana

“Creio que a santa tradição está viva em nossa Igreja: pois, o que é mesmo a santa tradição a não ser o fluxo da vida divina, a vida mesma do Deus Encarnado e do Santo Espírito na Igreja?
Esta vida divina está nas Escrituras, na pregação do Evangelho, nos Sacramentos, nas vidas dos cristãos, na Comunhão dos Santos. Isto é a santa tradição.
Em nossa teologia anglicana não falamos dela exatamente como os Ortodoxos o fazem. Mas ela está aí, conosco e em nós. Nós acolhemos a Santa Escritura com o supremo direito de conferir e testar o que apropriadamente pertence ou não à santa tradição.
Devemos considerar seriamente a relação da Igreja enquanto eterna e a Igreja tal como encarnada no movimento da história, bem como a relação entre a verdade divina e as palavras nas quais a verdade divina toma corpo.
O trabalho teológico, a oração, a liturgia, a amizade e as ações conjuntas no sentido de encontrar as tristezas do mundo, tudo isto é parte do caminho da unidade.
A santa tradição é Deus feito carne, vivo e atuante na vida toda dos cristãos.”

Arcebispo Michael Ramsey
Gateway to God
Editado por Lorna Kendall
Darton, Longman and Todd, Londres 1988

A Igreja Histórica e a Igreja do Futuro

“A linguagem da estrutura é só uma dentre as metáforas para – Igreja – e todas as metáforas devem ser consideradas juntas: edifício, corpo, vinha, ecclesia.
Cada uma delas fala do ofertório de uma vez por todas da Igreja. E cada uma delas também fala do crescimento da Igreja em seu caminho de tornar-se perfeitamente o que é. Da metáfora do templo, por exemplo, brota uma outra metáfora, pois as pedras do templo são pedras vivas.
Nós apreciamos muito o dom da fé e ordem históricas, não como se fossem paredes de uma fortaleza fechada mas como dons de Deus que, ao mesmo tempo, testemunham o passado e servem ao edifício de um futuro ainda não cumprido. Esta compreensão e combinação de aspectos históricos e futuros em nossa compreensão da Igreja, pode ajudar em nossos esforços de combinar a lealdade à tradição com a sensibilidade aos movimentos contemporâneos.
Se esta for uma aventura difícil não é, no entanto, algo que ponha em risco as nossas almas. Antes, nossas almas podem correr risco se nos contentarmos, seja em repousar na tradição passada e impassível, bem como em compartilhá-la no entusiasmo contemporâneo, sem qualquer relação com o grande rio do testemunho dos cristãos através dos tempos.”

Arcebispo Michael Ramsey
Gateway to God
Editado por Lorna Kendall
Darton, Longman and Todd
Londres 1988

06 abril 2008

Páscoa III


A Santa Tradição e a Bíblia

“Tradição não significa que a Igreja tenha ensinamentos que se somem à Bíblia ou que seja um corpo adicional de revelação. Significa, antes, que é na vida comunitária, na adoração e na compreensão geral da comunidade cristã que o cristão se aprofunda na apreensão da mensagem bíblica.
A Tradição será nossa guia à interpretação da Bíblia através do apelo à vida e experiência da Igreja, desde os Pais antigos e daí em diante.
A Tradição será redescoberta não como um conjunto de normas doutrinais, mas como atividade viva da comunidade cristã, com seus membros servindo uns aos outros e servindo ao mundo, constituindo-se assim como o cenário corporificado pelo qual a mensagem da Bíblia é dinamicamente sentida e compreendida. A vida comunitária da Igreja interpretará a Bíblia não como protetora de seu conteúdo mas como o encontro divino-humano no qual a Palavra de Deus é ouvida.
É através deste trabalho de interpretação que a própria história da Bíblia, e suas categorias, se farão não menos... mas ainda de mais autoridade... ao declarar o sentido de Deus e o sentido do ser humano.”
Arcebispo Michael Ramsey
Gateway to God
Editado por Lorna Kendall
Darton, Longman and Todd, Londres 1988


A Santa Tradição: por que consideramos a era dos Pais da Igreja?

“Em meio a cenários culturais totalmente diferentes, clamando como o fazem por novas compreensões, por que olhamos ainda para a era dos Pais da Igreja? Aprendemos todo o possível de cada século cristão, mas olhamos para trás, para o tempo dos Pais, porque ele nos fala da entrega histórica de nossa fé e também por causa da continuada identidade da Santa Igreja Católica.
Importa muito que os Pais tenham levado a sério questões sobre a verdade que ainda convivem conosco... Importa que o Deus que é salvador do mundo é também do mundo o Criador, e importa também que este Deus não envia uma espécie de intermediário para nos trazer salvação mas dá do seu próprio ser para reunir a humanidade à Ele.
O recurso dos cristãos à história não é mera jornada ao passado, pois o passado está vivo e seus santos estão próximos de nós, na família que une a terra ao céu e o céu à terra.
Atanásio, Basílio e Crisóstomo, juntos com Ambrósio, Agostinho e Leo estão conosco nesta mesma família. Nós partilhamos com eles e com a Mãe de nosso Senhor, e com Deus, na adoração dos céus. Eles estão conosco na medida em que testemunhamos o Salvador num mundo escuro e tempestuoso.”
Arcebispo Michael Ramsey
Gateway to God
Editado por Lorna Kendall
Darton, Longman and Todd, Londres 1988