20 junho 2009

21 de Junho de 2009 • Trindade II

Adoração Verdadeira


“A Adoração, para mim, significa uma relação. Eu não era crente mas um dia descobri Deus e imediatamente Ele me pareceu ser o valor supremo e o sentido total da vida e, ao mesmo tempo, uma pessoa. Creio que a adoração nada pode significar para alguém que não tenha um objeto de adoração. Não se pode ensinar adoração a alguém que não tenha ainda tido o sentido do Deus vivo; pode-se até ensinar a viver como se fosse crente mas não será uma atitude espontânea, significando adoração verdadeira. Assim, o que eu gostaria mesmo de comunicar é minha certeza na realidade pessoal do Deus com quem podemos nos relacionar. Peço que tratemos a Deus como nosso próximo, como alguém, e valorizemos este conhecimento nos mesmos termos em que valorizamos a relação com um irmão ou amigo. Isso, creio, é essencial. Uma das razões pela qual a adoração comunitária ou privada parece ser tão morta ou rotineira está no fato de que o ato de adoração, que deve ocorrer no coração e na comunhão com Deus, muitas vezes está ausente. A expressão, verbal ou em ação, pode ajudar, mas é só expressão do que é essencial, a saber, o silêncio profundo de comunhão.”
Creative Prayer,
Metropolita Anthony de Sourouzh

O Cristão Ortodoxo,
Metropolita Anthony de Sourouzh
O Metropolita Anthony nasceu na Suíça em 19 de Junho de 1914 onde seu pai servia como membro do Corpo Diplomático do Império Russo. Ele e a família sofreram as turbulências da Revolução Russa de 1917, foram obrigados a viver na Pérsia, mais tarde na França e Áustria. Formou-se em física, química e biologia na Faculdade de Ciências da Sorbonne. Depois disso estudou medicina e em 1939 já era médico. Em meio às tribulações da época e da vida de seu povo, chegou a cogitar do suicídio, uma vez que não descobria sentido na vida. Contrariado, convidado por um sacerdote que seria o palestrante, foi a um encontro de jovens russos. Estava decidido a não prestar atenção alguma ao que ouvisse. Aí, sentiu-se indignado com a visão de Cristo e do cristianismo, considerando-as repulsivas. De qualquer forma, ao retornar para casa, decidiu tomar um dos Evangelhos para conferir a “estória” que o sacerdote referira. Para não perder muito tempo, escolheu o Evangelho mais curto, o de São Marcos. Ao chegar ao terceiro capítulo, ele mesmo conta: “... de repente senti que, do outro lado de minha mesa havia uma presença. A certeza foi tão forte de que era o Cristo mesmo ali, que ela jamais me deixou...” E conclui... “Não descobri, como se pode ver, o Evangelho, começando com sua primeira mensagem da anunciação... mas como um evento que deixou para trás todas as dificuldades da descrença... porque foi uma experiência direta e pessoal. Após servir como médico no Exército Francês durante a II Grande Guerra, em 1943, secretamente fez os votos monásticos da estabilidade, pobreza, castidade e obediência. Em 1948 foi ordenado sacerdote e em 1958 sagrado bispo, com responsabilidade sobre toda a Inglaterra e Irlanda. Recebeu ainda a jurisdição de Arcebispo em 1962, de Patriarca para a Europa Ocidental em 1963 e Metropolita em 1966. “Devemos estar preparados para descobrir que o passo último de nossa relação com Deus é um ato de pura adoração, face a face, mistério no qual não podemos penetrar.”