30 dezembro 2006

Semana da Natividade do Senhor

Profecia de Isaías 9.2-7
Carta a Tito 2.11-14
São Lucas 2.1-14 (15-20)


Ele próprio, o Reino

Quase no final de sua vida Karl Barth foi perguntado se teria mudado o pensamento com relação a alguma coisa mais importante, ao longo do curso de sua vida. Barth então respondeu que havia um ponto em especial no qual seu entendimento teológico havia realmente mudado. Até então ele crera que Jesus de Nazaré viera para pregar o Reino de Deus. Agora ele sabia que Jesus era o Reino. Orígenes parece ter sabido disso muitos séculos antes: autobasileia, ele próprio, o Reino. Em sua pessoa Jesus era o Reino de deus neste mundo, Deus aproximando-se gracioso, com cura e perdão. Encontrando Jesus encontramos o Reino de Deus, assim como as pessoas encontraram Deus por elas quando o encontraram também nas ruas e estradas da Palestina. Quando encontramos Jesus no mundo, aí encontramos o Reino de Deus. O homem de carne e sangue como nós, em quem nossa natureza foi elevada à Divindade, é pessoalmente o Reino. Assim, tudo o que serviu à Encarnação de Jesus esteve a serviço do Reino.
... Maria permanece como o sinal mais claro da imanência de Deus. Ao servir, tendo nossa natureza humana tomada pelo Filho de Deus, ele colocou-se a si mesma a serviço do Reino de Deus, onde já entramos e, em outro sentido, ainda entraremos.


Geoffrey Preston, O.P. - Hallowing the Time: Meditations on the Cycle of the Christian Liturgy

Oração

Ó Deus, acalma nossos corações e nossas mentes para que aprendamos a contemplar-te, e pela contemplação, perceber-te, desejo de nossa alma.

Gerard W. Hughes, God of Compassion




A arte no Natal

Sandro Botticelli (1447-1515), na parte inicial de sua carreira pintou alguns quadros mitológicos, dentre eles sua famosa Primavera e o Nascimento de Vênus. Há evidências claras de que seu "protetor" na época, estava sob forte influência da filosofia platônica, interpretada de modo tal que estes quadros aparentemente seculares tivessem uma profunda significação moral ou metafísica. Mais tarde, a arte de Botticelli tornou-se incrivelmente contemplativa e intensa. A Natividade Mística vem deste período. Ela reagia contra o naturalismo da Renascença inicial e revivia certos elementos de um estilo mais antigo, um sentimento mais antigo, uma graça feminina e uma ênfase na capacidade evocativa dos traços. É nesta condição que a arte de Botticelli é tão admirável e serve tão bem para comunicar a idéia de uma como que dança celestial.
No nascimento do Filho de Deus, os céus e a terra dançam. Tudo se enche da música divina e nós somos também convidados a mover nossas vidas com graça, em harmonia com o amor divino.


D. Richard Harries, The Nativity of Christ, Devotional reflections on the Christmas story in art.