17 janeiro 2013

EVANGELIZAÇÃO E PASTORAL NA EXPERIÊNCIA DE UMA PRESBÍTERA ANGLICANA



Revda. Claudia Prates[1]
Estudante do Curso de Aprofundamento de Estudos
(Convênio com o Curso de Integralização ESTEF)
                            1. Evangelização nos diversos níveis eclesiais
        Na tradição anglicana entendemos Evangelização como a tarefa indicada por Jesus para todas as pessoas batizadas e para a Igreja como seu Corpo Místico. A Igreja, do ponto de vista estrutural, acontece nos níveis global (ecumênico ou de uma tradição, como no meu caso a Comunhão Anglicana), regional ou Provincial (como o Brasil onde existimos como 19ª Província ou Igreja Episcopal Anglicana do Brasil), no nível local ou Diocesano (no meu caso a Diocese Meridional) e no nível comunitário ou Paroquial (no meu caso a Paróquia, onde sou pároca, a Paróquia São Paulo em Cachoeirinha RS).
      A Igreja Anglicana é parte da “Igreja Católica de Cristo”, portanto, não é possível a plena evangelização sem o correspondente engajamento ecumênico. Mesmo que nossa vida eclesial em todos os níveis seja autônoma, vivemos em diálogo com outras igrejas, com a humanidade e com a realidade como forma de cumprir a missão de Nosso Senhor Jesus Cristo.
       Quando falamos de “comunidade como mediadora da salvação” entendemos que ela é como diz 1 Cor 12, expressão do Corpo de Cristo. Portanto, é na comunidade que vivemos a comunhão com Cristo, entre nós e com a Missão de Deus. Comunidade é ponto de partida para a evangelização, mas também é lugar de re-evangelização permanente.
       As comunidades anglicanas vivem intensamente a teologia da encarnação. Vemos em nossas irmãs e irmãos (sem distinção) a imagem de Deus em Cristo, por isso mulheres e homens podem aceder a todos os níveis de ministérios da Igreja. Este fato não é para nós sinal de superioridade em relação as outras tradições cristãs, mas de serviço para a Igreja Ecumênica e para o mundo, como sinal do amor irrestrito e transformador de Deus.
     A comunidade escatológica se vive no sentido da “comunhão dos santos e santas”, no sentido de que a Igreja não começa conosco, nem termina conosco. Somos portadores de uma esperança mística maior, por isso nos dirigimos para o horizonte escatológico do Reino que já acontece entre nós e ainda não está complemente realizado. 

                2. Ação Evangelizadora

     A ação evangelizadora é a ação do Espírito Santo em cada pessoa e na comunidade. Para isso contamos com a participação democrática ou conciliar das pessoas na igreja. Em todos os níveis as instâncias maiores de decisão são democráticas. Isso significa que as comunidades não só executam a evangelização, mas a idealizam em um sentido de revelação mútua e dialogal. Isso traz alguns problemas práticos, como a distância entre o que se quer e o que se realiza, mas esta aí a tarefa pastoral e harmonizar as opiniões, buscar compromisso e unidade na ação evangelizadora (esta realizada tanto por ministros e ministras leigas, quanto ordenadas e, principalmente, pelo Bispo ou Bispa).
3.       Características bíblicas da ação pastoral evangelizadora
     Como exemplo bíblico do que mencionei acima, entendo melhor me basear no texto de I Coríntios 12,4-5. Neste texto a Igreja, descrita como um Corpo (v.12), é mostrada com uma diversidade de dons, com um mesmo Espírito, e diferentes ministérios (maneiras de servir), mas um único Senhor (v.4). Portanto, não podemos fazer prevalecer um ministério ou um dom sobre os outros ministérios e dons. Se fizermos isso estamos nos apropriando indevidamente doa unidade superior dada pelo Espírito e pelo Senhor (v.5)
      Com isso eu quero dizer que, mesmo sendo presbítera, e, portanto, tendo o ministério de “presidir” a comunidade (cf. I Tm 5,17; I Ts 5,12), não vale nada este ministério se não for exercido em comunhão com o Espírito, com o Senhor e, em consequência, com todas as pessoas que oferecem outros dons e ministérios para a Igreja. Portanto, eu tenho, como obrigação pastoral, identificar estimular e animar, para que toda a comunidade seja instrumento de missão e evangelização.
       


[1] Presbítera, egressa do SETEK, conclui em 2012 o Curso de Integralização na Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana (ESTEF). Atualmente é Pároca na Paróquia São Paulo em Cachoeirinha RS, na Diocese Meridional.