30 novembro 2008

30 de Novembro de 2008 • Advento I

Leituras

Profecia de Isaías 63.16-17; 64.1,3-8
Salmo 80I
Carta aos Coríntios 1.3-9
Evangelho de São Marcos 13.33-37


Gravidez, Tempo de Espera

É simples assim. Há coisas pelas quais devemos esperar. Como o nascimento de uma criança. Não importa o quão fatigante possa ser o tempo da gravidez, não se pode apressar o processo. Isso pode ser frustrante e interferir com outros planos. Pode até nem ser conveniente mas não é algo que se possa mudar.
Algumas coisas na vida estão fora de controle. Esperar é uma experiência de desenvolvimento e maturação espiritual. Ao esperar, nos preparamos fazendo arranjos, mudando planos, ajustando sentimentos, tudo para receber o novo evento. A criança, por exemplo, não está pronta para se tornar adulta porque há todo um mundo de experiências que precisa conhecer antes de chegar lá. Os adolescentes são especialmente ansiosos para se fazerem adultos e têm uma grande necessidade em esperar. Esperar é também uma experiência espiritual.
Nós todos não esperamos por nossas mortes. Como é mesmo que usamos o tempo? Não será isso o que mais importa espiritualmente? Se estamos todos destinados à salvação, por que Deus então não arruma as coisas de forma que não precisemos esperar tanto? Por que Ele não nos alcança algum tipo de satisfação instantânea? A razão é a mesma. Assim como com a criança e com o adolescente impaciente, também não estamos prontos para esperar. Esperar é parte da transformação do feto. Da criança, do adolescente e, não menos, do adulto impaciente. Não estar em controle, não ser capaz em prover satisfação imediata... nos força a fazer algo mais, quer dizer, aceitar nossa vida como criaturas e não como deuses. A espera está no coração mesmo da relação com o Deus vivo. Ele não pula... só porque o chamamos, mas escuta nossa súplica e responde segundo o seu próprio tempo. Pode-se dizer que a espera nos ensina a não contar tanto com aquilo que queremos ou exigimos e com a forma como queremos isso ou aquilo. A vida não é assim. Quem tenta fazer diferente erra o alvo. Possivelmente vai passar muito tempo sozinho. Hoje, poucas pessoas estão prontas a confiar em um Senhor.
O Advento é um tempo, uma estação que inicia outro Ano Cristão. Há um sabor próprio, justamente a tensão da espera. Mesmo tanto tempo após o nascimento de Jesus, poucos dentre nós estamos prontos a receber o Verbo feito carne, o Deus que veio dentre nós, como um de nós! Não estamos preparados porque somos o que a Igreja chama de “pecadores”, quer dizer, preferimos mesmo ser como Deus e fazer as coisas de nosso jeito. O tempo do Advento do Senhor nos alcança uma oportunidade de experimentar mais uma vez o conflito interior que se colocou em movimento com o anúncio de que Deus se faria como nós ou ainda, que Ele está dentre nós e convivemos com Ele. O Advento pode ser um tempo muito rico devocionalmente se nos entregamos a ele de todo o coração. O Advento pode nos fazer mais humildes, mais pacíficos,
mais realistas a nosso próprio respeito e ao próximo. Ele tem sido, por tantos séculos, uma ferramenta muito útil para ajudar os cristãos a crescerem como as criaturas que Deus deseja. Um bom tempo do Advento nos ajudará a crescer como pessoas, se a ele nos submetermos. É matéria de crescimento espiritual. Experimente. Talvez não gostemos de tudo.... mas haverá transformação.
O Advento é uma intensificação daquilo que a vida cristã é: nós esperamos e, esperando, rezamos. Na oração, discernimos a Presença e ação do Pai. “Vem, Jesus, tão esperado, nossas almas libertar do temor e do pecado. Vem a tua paz nos dar.”


Hino nº 1, do HE