23 março 2007

Quaresma IV - 25 de Março de 2007

Profecia de Isaías 43.16-21
Salmo 126
Carta aos Filipenses 3.4b-14
Evangelho de São João 12.1-8

A Bondade de Deus

Isaías alcança ao seu povo um dom admirável. Ele lhes devolve a fé através da rearticulação de uma antiga história. Ele lhes dá a capacidade linguística para confrontar o desespero em vez de deixar-se abater por ele. E o profeta cria um novo solo... sobre o qual uma nova humanidade é possível. O cínico poderia argumentar que, em verdade, nada mudou, se é que a queda de imperios é alguma coisa e, assim sendo, deveria então ocorrer imediatamente. Mas os profetas não são mágicos. Sua arte e chamamento se dão com palavras que evocam alternativas. De qualquer forma, reformas superficiais não vencem o desespero. Isto somente acontecerá com o reconhecimento de que a vida não nos foi plenamente consignada e que há um Outro que reservou para si uma liberdade soberana de nós e por nós. Ele trabalha livre de nós e livre de Babilônia. A bondade de Deus toma a forma da libertação dos exilados. É assim que Gerhard von Rad aclara em um dos textos mais admiráveis... que não devemos falar enquanto não decidimos se confiamos mesmo ou não.

Não vos lembreis das coisas passadas,
nem considereis as antigas.
Eis que faço coisa nova, que está saindo à luz;
porventura não o percebeis? (Isaías 43.18-19)

Os desconsolados dificilmente podem crer que tal coisa possa ser dita. Mas é certo que eles não terão alegria pessoal, justiça pública, arrependimento incorporado e humanidade familiar, até que a comunidade receba uma novidade que ela por si mesma não pode gerar.
Walter Bruegmann, The Prophetic Imagination

O batismo de Cristo - Figuras de Deus, Dominique Ponnau - UNESP


Oração

Jesus é ungido em Betânia. Eu mesmo estou presente nesta companhia hoje. Com Marta, desejo servir-te; com Lázaro, sentar-se à mesa contigo; com Maria, ajoelhar aos teus pés em preciosa devoção. Seria verdade que, com Judas, eu também descubra dentro de mim um espírito amargo de crítica, de sarcasmo e, por vezes, de cinismo, para com os outros e para comigo mesmo? Arranca, Senhor, de dentro de minha alma, todo processo de deterioração e corrupção, pois compreendo que somente pela tua graça pode esta libertação ser efetuada, e eu quero mesmo repousar nesta graça no dia de hoje.
Ir. Ramon, When They Crucified My Lord